9 a cada 10 não sabem o que é nascer da água e do Espírito!

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Você Pergunta: Presbítero, eu admiro muito a história da conversa de Jesus com Nicodemos. Acho incrível como Jesus mexe com o coração dele usando palavras tão fortes e profundas. Mas tem uma parte que ainda não entendi direito: quando Jesus fala que, para entrar no reino de Deus, a pessoa precisa nascer da água e do Espírito. O que Ele quis dizer com isso na prática? Como a gente pode entender essa fala de Jesus?

O diálogo entre Jesus e Nicodemos, registrado no evangelho de João, é um dos textos mais ricos do Novo Testamento. Nicodemos era fariseu, mestre da Lei, e acreditava que seu conhecimento e posição religiosa eram suficientes para agradar a Deus.

 No entanto, Jesus o confronta de maneira direta, mostrando que a religião, por si só, não garante salvação. Foi nesse contexto que Ele declarou: 

“A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3).

A resposta de Jesus confundiu Nicodemos, que pensou em um nascimento físico e até levantou a possibilidade absurda de alguém voltar ao ventre da mãe (João 3:4). 

Talvez ele também tivesse em mente algumas ideias filosóficas ou religiosas de sua época, como a crença na reencarnação. Mas Jesus estava tratando de algo muito mais profundo: a necessidade de uma transformação interior operada por Deus.

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O ensino profundo de Jesus: nascer da água e do Espírito

Diante da confusão de Nicodemos, Jesus aprofunda sua explicação com uma linguagem carregada de significado espiritual: 

“Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). 

Aqui, o Mestre deixa claro que para fazer parte do reino de Deus não basta apenas um nascimento físico (nascer judeu, por exemplo) ou uma tradição religiosa. É preciso passar por uma experiência espiritual radical: o novo nascimento.

Jesus dividiu sua explicação falando sobre duas faces desse novo nascimento: nascer da água e nascer do Espírito.

Nascer da água: purificação e arrependimento

A água, ao longo da Bíblia, é um símbolo poderoso de purificação. Jesus usa esse elemento para mostrar a Nicodemos que ele precisava ser purificado de seus pecados, lavando sua mente e coração das falsas seguranças religiosas. 

Esse nascer da água aponta para o arrependimento, que prepara o coração para receber a obra do Espírito.

Além disso, a expressão pode remeter à pregação de João Batista, que enfatizava a necessidade de arrependimento antes do batismo. 

A água do batismo (principalmente realizado por João Batista nesse contexto próximo) era um sinal exterior de uma transformação interior: um coração que reconhece seus pecados diante de Deus. 

Assim, nascer da água significa reconhecer a necessidade de perdão, arrepender-se e ser purificado pelo Senhor para, então, estar apto a entrar no reino.

Esse tema não era tão desconhecido para Nicodemus. Veja que o profeta Ezequiel já havia trazido uma figura parecida: 

“Então, aspergirei água pura sobre vós, e ficareis purificados; de todas as vossas imundícias e de todos os vossos ídolos vos purificarei” (Ezequiel 36:25).

Nascer do Espírito: a obra do Espírito Santo no coração humano

Se nascer da água fala de arrependimento e purificação, nascer do Espírito diz respeito à ação sobrenatural do Espírito Santo que transforma o ser humano. Jesus explicou essa realidade de forma poética: 

“O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3:8).

O Espírito Santo é quem convence o ser humano do pecado, toca no coração, abre os olhos espirituais e nos conduz ao arrependimento verdadeiro. 

Sem essa obra, ninguém consegue abandonar a vida de pecado, porque a natureza carnal nos prende. É o Espírito que nos dá poder para vencer a carne e experimentar uma nova vida com Deus.

Em outras palavras, o novo nascimento não é fruto do esforço humano, mas da ação transformadora do Espírito Santo. Ele é quem regenera o coração, tornando possível uma vida de obediência e fé em Cristo (aí entra o aspecto humano, como cooperador com Deus em uma vida de santidade).

Da mesma forma, essa matéria também era conhecida de um mestre da lei como Nicodemus. Veja que o mesmo profeta Ezequiel fala sobre isso. Talvez seja por isso que Jesus ficou surpreso dele não entender a matéria, mesmo sendo mestre:

“Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis” (Ezequiel 36:27).

A salvação como obra de Deus e não de obras humanas

A conversa de Jesus com Nicodemos revela a essência do evangelho: a salvação não depende de rituais, posições religiosas ou méritos humanos. É uma dádiva de Deus, recebida pela graça, mediante a fé. Como Paulo ensinou: 

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

Nicodemos precisava compreender que sua religiosidade não era suficiente. Ele precisava nascer de novo — uma experiência de transformação operada pelo Espírito Santo, acompanhada de arrependimento e fé em Jesus Cristo.

Esse é o coração do evangelho: somos perdoados, purificados e capacitados por Deus para viver como discípulos de Cristo.

A aplicação prática para nós hoje

Quando Jesus disse que era necessário nascer da água e do Espírito, Ele não falava apenas a Nicodemos, mas a todos nós. A mensagem é clara: sem arrependimento e sem a ação transformadora do Espírito Santo, ninguém pode entrar no reino de Deus.

Na prática, isso significa que precisamos reconhecer nossos pecados, arrepender-nos de coração e permitir que o Espírito Santo nos guie. O novo nascimento é mais do que uma mudança de comportamento; é uma transformação de dentro para fora, que nos torna novas criaturas em Cristo.

Assim como Nicodemos, muitos hoje ainda acreditam que religião, boas obras ou tradição são suficientes para a salvação. Mas Jesus continua repetindo: só quem nasce da água e do Espírito pode entrar no reino.