Os 4 seres viventes de Apocalipse são simbólicos ou reais?
Você Pergunta: Presbítero, em Apocalipse são mencionados quatro seres viventes que fazem muitas interações nas visões que João relatou. Eles parecem estar muito próximos do Senhor e ter algum tipo de ministério muito importante. Pode me ajudar a entender, em detalhes, quem são cada um desses quatro seres viventes?
A primeira menção dos quatro seres viventes no Novo Testamento acontece dentro do contexto da visão do trono de Deus no céu, em Apocalipse 4.
Temos ali uma visão magnífica do Senhor governando todas as coisas, revelando Seu domínio absoluto sobre a história — um dos pontos mais centrais do livro.
No meio dessa descrição gloriosa, João registra a presença de criaturas impressionantes e misteriosas:
“Há diante do trono um como que mar de vidro, semelhante ao cristal, e também, no meio do trono e à volta do trono, quatro seres viventes cheios de olhos por diante e por detrás” (Apocalipse 4:6).
Diante de todo o simbolismo existente em Apocalipse — símbolos que comunicam verdades profundas por meio de imagens — surge a pergunta: esses quatro seres viventes seriam apenas símbolos ou seriam seres reais na presença de Deus?
Neste estudo, vamos compreender quem são eles e também um pouco de alguns simbolismos que são associados a eles em Apocalipse!
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A ligação entre Apocalipse e Ezequiel e os 4 seres viventes
Quando observamos a descrição dos quatro seres viventes em Apocalipse 4, percebemos uma conexão profunda com as visões do profeta Ezequiel. Ele também viu criaturas celestiais envolvidas diretamente no trono de Deus:
“Do meio dessa nuvem saía a semelhança de quatro seres viventes, cuja aparência era esta: tinham a semelhança de homem. Cada um tinha quatro rostos, como também quatro asas” (Ezequiel 1:5-6).
O paralelismo entre Ezequiel e Apocalipse é tão forte que um ajuda a interpretarmos o outro.
No próprio Apocalipse não há uma explicação explícita da identidade desses seres viventes. Entretanto, Ezequiel nos oferece essa chave interpretativa. Em outra visão semelhante, citando a visão do capítulo 1, ele declara:
“São estes os seres viventes que vi debaixo do Deus de Israel, junto ao rio Quebar, e fiquei sabendo que eram querubins” (Ezequiel 10:20).
E aí temos a resposta: os seres viventes de Apocalipse são querubins — seres celestiais reais, poderosos, ligados diretamente ao trono e à presença de Deus.
Características dos quatro seres viventes
Os seres descritos por João são impressionantes. Ele diz:
“O primeiro ser vivente é semelhante a leão, o segundo, semelhante a novilho, o terceiro tem o rosto como de homem, e o quarto ser vivente é semelhante à águia quando está voando” (Apocalipse 4:7).
Essa descrição não deve ser interpretada como literal no sentido físico — assim como grande parte das figuras do Apocalipse, trata-se de uma descrição simbólica que revela características e atributos espirituais desses seres poderosos. Observe o uso das palavras “semelhante” e “como”, que apontam para esse uso simbólico.
Leão — coragem e autoridade
O primeiro ser é semelhante ao leão, o rei dos animais. O leão comunica coragem, autoridade e poder, características essenciais dos seres que servem à vontade do Senhor e estão diretamente ligados ao trono do Governante do universo.
Novilho — força e serviço
O segundo é semelhante ao novilho, figura bíblica de força, capacidade de trabalho e disposição para o serviço. Os querubins, portanto, refletem a força incansável daqueles que cumprem diligentemente os propósitos de Deus.
Rosto de homem — inteligência e discernimento
O terceiro tem rosto humano, simbolizando racionalidade, sabedoria e discernimento. Não são seres irracionais, mas criaturas dotadas de inteligência profunda para executar a vontade divina com precisão.
Águia — rapidez e visão ampla
O quarto é semelhante à águia voando, imagem da prontidão, agilidade e visão aguçada. Os seres viventes não apenas veem muito — são “cheios de olhos” — mas também agem rápido, executando imediatamente aquilo que Deus determina.
Todos esses simbolismos apontam para criaturas reais, com características espirituais atribuídas a elas através das imagens descritas pelos profetas.
A função dos seres viventes no governo de Deus
Os quatro seres viventes não são apenas espectadores celestiais; eles estão profundamente envolvidos na obra de Deus.
A Bíblia mostra que seres celestiais, em geral, possuem papeis de serviço, tanto em relação ao próprio Deus quanto em relação ao Seu povo. A carta aos Hebreus declara:
“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hebreus 1:14).
Os querubins, especificamente, aparecem frequentemente como guardiões do trono de Deus e participantes ativos de Suas ações na história. Em Apocalipse, eles aparecem em vários momentos importantes, seja adorando, seja entregando elementos do juízo do Senhor.
Em um desses momentos, vemos: “Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus, que vive pelos séculos dos séculos” (Apocalipse 15:7).
Ou seja, eles têm um papel direto na execução dos decretos do Pai durante o processo do juízo final.
Além disso, os seres viventes aparecem constantemente adorando a Deus. Em Apocalipse 4 e 5, eles estão ao redor do trono proclamando a santidade, majestade e glória do Senhor.
Sua proximidade com Deus não é apenas geográfica na visão — mas espiritual: são seres dedicados totalmente à glória e ao cumprimento da vontade do Senhor.
O que os quatro seres viventes nos ensinam hoje
Quando observamos os seres viventes nas Escrituras, não encontramos apenas um mistério profético, mas um ensino profundo para nossa fé. Eles revelam:
- A majestade absoluta do trono de Deus;
- A organização e ordem do mundo espiritual;
- A certeza de que Deus governa com sabedoria, poder e rapidez;
- Que Ele usa Seus servos — celestiais e humanos — para realizar Seus propósitos;
- Que toda criação existe para Sua glória.
Os quatro seres viventes lembram o cristão que há muito mais acontecendo nos bastidores espirituais do que podemos ver. Existe um reino espiritual ativo, ordenado e operante, conduzindo a história ao cumprimento exato da vontade de Deus.
Conclusão
Os quatro seres viventes do Apocalipse não são figuras simbólicas inventadas apenas para compor a visão de João. Eles são querubins — seres celestiais reais, poderosos, inteligentes e ativos — que servem no trono de Deus e executam parte de Sua vontade.
Sua presença constante no livro do Apocalipse mostra que Deus governa o universo com a ajuda de Seus servos celestiais, que trabalham incansavelmente para que Sua vontade seja cumprida no tempo certo.
A visão desses seres, em toda sua força e beleza simbólica, nos lembra da grandeza do nosso Deus, da ordem do mundo espiritual e da certeza de que Deus está no controle de todas as coisas.
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