Crentes verdadeiros podem desviar da fé e abandonar Jesus?

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Você Pergunta: Presbítero, um cristão verdadeiro, que foi salvo pelo Senhor Jesus, pode se desviar da fé? Tenho visto muitas pessoas se desviando, pessoas que tinham um compromisso sério com Deus e deixaram esse compromisso. Não entra na minha cabeça um cristão verdadeiro abandonar o caminho do Senhor. Isso, para mim, é impossível, mas gostaria de entender melhor!

Muitas vezes ficamos com dúvidas ao ver pessoas que antes demonstraram uma fé fervorosa em Jesus, de um momento para outro, ou até mesmo depois de uma situação difícil, abandonando-o e negando-o. 

Isso nos deixa boquiabertos, especialmente quando eram pessoas que admirávamos e considerávamos exemplos de fé.

Mas saiba que isso não é novidade para quem estuda a Bíblia com atenção. Dentro do grupo dos 12 apóstolos, por exemplo, temos dois casos marcantes. Judas, que traiu Jesus; e Pedro, que o negou. 

Sobre Pedro, lemos: “Lá estava Simão Pedro, aquentando-se. Perguntaram-lhe, pois: És tu, porventura, um dos discípulos dele? Ele negou e disse: Não sou” (João 18:25). 

Uma declaração dura, vinda de alguém tão próximo do Mestre. Sobre Judas, sabemos de sua traição, entregando Jesus para as autoridades do povo!

Diante disso, surge a pergunta: será que um crente verdadeiro pode se desviar de Jesus? Como entender esse tipo de situação que presenciamos em muitas comunidades cristãs?

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Desvios não significam necessariamente perda da salvação

Sim, um cristão verdadeiro pode se desviar temporariamente do caminho do Senhor, principalmente se for negligente no zelo pelas coisas espirituais. 

O crente continua sendo humano, com suas limitações, e pode errar, se esfriar e até tropeçar gravemente. A boa notícia é que o Espírito Santo atua na vida desse crente para trazê-lo de volta ao arrependimento.

Mas, claro, isso não é uma licença para pecar! Antes, é uma tristeza quando o Espírito precisa corrigir um crente “cabeça dura”!

Um exemplo disso é o rei Davi, homem segundo o coração de Deus, que caiu profundamente em pecado com Bate-Seba, cometendo adultério e assassinato. No entanto, após ser confrontado, arrependeu-se sinceramente, e Deus o restaurou.

Outro exemplo forte é o próprio apóstolo Pedro. Negou Jesus por três vezes, como vimos, mas depois chorou amargamente e foi restaurado por Cristo.

Isso mostra que Deus não desiste do verdadeiro cristão, mesmo quando ele falha. O Espírito Santo o convence do pecado e o impulsiona de volta ao caminho da verdade.

Jesus mesmo afirmou essa segurança de salvação para os que verdadeiramente são d’Ele: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (João 10:28). E logo depois acrescentou: “Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar” (João 10:29).

Essas palavras são claras: quem verdadeiramente pertence a Cristo está seguro. Não significa que nunca pecará, mas que mesmo em quedas será preservado e restaurado.

Volto a dizer: Esse cenário não deve ser buscado pelo crente verdadeiro! Ele não deve buscar o desvio e a negligência! Pois isso será doloroso e triste!

Mas e aqueles que se desviam e nunca mais voltam?

Aqui precisamos ser cuidadosos e bíblicos. A Bíblia mostra que, em meio ao povo de Deus, existem pessoas que apenas parecem ser crentes, mas nunca passaram por uma verdadeira conversão. 

Essas pessoas podem até se envolver ativamente na igreja, conhecer versículos, cantar, pregar, mas não foram regeneradas pelo Espírito Santo.

João, o apóstolo, fala sobre esse tipo de gente em sua carta: “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos” (1 João 2:19).

Ou seja, o abandono definitivo da fé revela que essas pessoas, no fundo, nunca foram de Cristo. Eram convencidas, mas não convertidas. Tinham aparência de piedade, mas negavam a eficácia dela (2 Timóteo 3:5). 

Um exemplo emblemático disso é Judas Iscariotes. Caminhou com Jesus, presenciou milagres, ouviu os ensinamentos diretamente do Salvador, mas seu coração nunca foi transformado. No momento oportuno, revelou seu verdadeiro caráter ao trair o Mestre.

Essas pessoas são como os ouvintes descritos na parábola do semeador, que recebem a palavra com alegria, mas não têm raiz em si mesmas. Quando vem a perseguição ou as preocupações da vida, se afastam (Mateus 13:20-22).

O ideal é a fidelidade até o fim

Mesmo que saibamos que um cristão verdadeiro pode tropeçar e ser restaurado, e que os desviados definitivos nunca foram de fato crentes, o melhor caminho, sem dúvidas, é aquele da perseverança fiel até o fim. Essa é a vontade de Deus para cada um dos seus filhos.

O apóstolo João é um exemplo bonito disso. Viveu longamente, enfrentou perseguições, viu todos os outros apóstolos morrerem, mas permaneceu firme até o fim, amando Jesus com todo o seu coração. Sua vida foi de dedicação, obediência e fé perseverante.

Deus nos chama para essa mesma caminhada: uma fé firme, viva, que cresce mesmo diante das tempestades. Ele nos deu o Espírito Santo como selo e garantia de que a boa obra será completada até o fim:

“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus” (Filipenses 1:6). 

Mas devemos fazer nossa parte: cuidar da fé, alimentar-nos da Palavra, orar, congregar e fugir do pecado.

Conclusão

A dúvida se um cristão verdadeiro pode se desviar da fé é compreensível diante do que vemos nas igrejas e no mundo. Mas a Bíblia nos mostra que:

• Sim, um verdadeiro cristão pode se desviar temporariamente, mas o Espírito Santo o reconduzirá ao arrependimento.
  
• Aqueles que se desviam definitivamente nunca foram verdadeiramente convertidos.
  
• Nossa segurança está em Jesus, que prometeu que ninguém arrebatará suas ovelhas de Suas mãos.
  
• O melhor caminho é permanecer fiel até o fim, como João, o apóstolo do amor.
  

Que essa verdade traga paz ao seu coração e te inspire a perseverar na fé. E que ao ver alguém se desviando, em vez de julgar, você ore, aconselhe e espere com esperança a obra do Espírito naquela vida.