O ódio entre Samaritanos e Judeus. Entenda essa guerra!

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Presbítero, por que os judeus e os samaritanos se odiavam tanto? Pelo que entendo, eles vêm do mesmo povo e são descendentes de Abraão. Mas não consigo perceber, com muitos detalhes, por que havia tanto ódio entre eles nos tempos bíblicos. Ajude-nos a entender melhor essa questão e faça um estudo, por favor! Desde já, agradeço!

Para compreendermos a razão do profundo ódio e da separação entre judeus e samaritanos nos tempos bíblicos, precisamos voltar alguns séculos na história de Israel, ao período em que a nação era governada por reis. 

Inicialmente, Israel foi um reino unido, governado por Saul, depois por Davi e, em seguida, por Salomão. Porém, após a morte de Salomão, ocorreu uma grande cisão: o reino foi dividido em dois. 

O reino do Sul, também chamado de Judá, passou a ser governado por Roboão, filho de Salomão, enquanto o reino do Norte, conhecido como Israel (naquele contexto), foi liderado por Jeroboão. (Para mais detalhes desse período histórico, leia 2 Reis 12 a 14).

Cada um dos dois reinos seguiu sua trajetória com reis próprios, mas o reino do Norte, em especial, destacou-se pela infidelidade às leis de Deus. Todos os seus reis foram descritos nas Escrituras como maus e desobedientes, levando o povo a práticas idólatras e distantes da aliança da Lei. 

Como consequência dessa rebeldia, Deus permitiu que o reino do Norte fosse conquistado e levado cativo pelo poderoso Império Assírio, conforme está registrado em 2 Reis 17. É nesse ponto da história que começa a se formar a raiz do conflito que atravessou gerações e chegou com força aos dias de Jesus.

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A mistura de povos e a origem dos samaritanos

Quando o Império Assírio conquistou o reino do Norte, não apenas levou muitos israelitas cativos (como escravos), mas também promoveu uma grande migração forçada. 

O rei da Assíria trouxe povos de várias regiões do seu império — Babilônia, Cuta, Hamate e Sefarvaim — e os instalou na região de Samaria, que era a capital do reino do Norte. A Bíblia registra esse acontecimento:

“O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Hamate e de Sefarvaim e a fez habitar nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas cidades.” (2 Reis 17:24)

Com o passar do tempo, os poucos israelitas que permaneceram na terra se misturaram com esses novos habitantes, tanto em casamentos quanto em práticas religiosas. Isso resultou em um culto misto: adorava-se ao Deus de Israel (pelo menos diziam que o adoravam), mas também aos deuses estrangeiros trazidos por essas nações.

“Porém cada nação fez os seus próprios deuses nas cidades onde habitava e os pôs nos altos que os samaritanos tinham feito.” (2 Reis 17:29)

Essa mistura foi vista com grande desprezo pelos judeus do reino do Sul. Eles passaram a considerar os samaritanos como “israelitas impuros”, tanto do ponto de vista étnico quanto religioso. A pureza do povo e do culto era um valor central para o judaísmo, e os samaritanos, com sua origem mesclada e religião sincrética, eram vistos como profanadores da fé verdadeira.

Uma rixa que se agravou com o tempo

Mesmo depois que o reino do Sul (Judá) também foi levado cativo por Nabucodonosor e o povo voltou do exílio babilônico no tempo de Esdras e Neemias, a rejeição aos samaritanos persistiu. 

Os judeus retornados consideravam-nos cerimonialmente impuros e, portanto, incapazes de cultuar a Deus de maneira correta conforme a Lei.

Essa rejeição ficou ainda mais evidente quando, após serem barrados de participar da reconstrução do Templo em Jerusalém, os samaritanos decidiram construir o seu próprio templo no Monte Gerizim, por volta de 400 a.C. 

Esse ato aprofundou ainda mais a divisão, e a briga entre eles atingiu um novo patamar quando João Hircano, líder judeu, destruiu o templo samaritano em 108 a.C.

A partir desse momento, judeus e samaritanos viviam lado a lado geograficamente, mas separados por um ódio histórico e religioso profundo. Essa tensão explica o comentário do evangelista João ao narrar o encontro de Jesus com a mulher samaritana:

“Então, lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se dão com os samaritanos)?” (João 4:9).

Além da questão histórica e étnica, havia também uma diferença teológica profunda entre judeus e samaritanos que aumentava ainda mais a distância entre eles. 

Os samaritanos aceitavam apenas o Pentateuco — os cinco primeiros livros de Moisés — como Escritura sagrada, rejeitando os demais livros do Antigo Testamento que formavam a fé e a tradição judaica. 

Isso fazia com que tivessem uma visão diferente sobre vários pontos da fé, como o local legítimo de adoração e a expectativa do Messias. 

Enquanto os judeus criam que o templo de Jerusalém era o centro do culto verdadeiro e aguardavam um Messias descendente de Davi conforme anunciado pelos profetas, os samaritanos defendiam o Monte Gerizim como lugar escolhido por Deus e esperavam um Messias semelhante a Moisés. 

Essa divergência teológica alimentava a ideia, do lado judaico, de que os samaritanos não adoravam a Deus da maneira correta, o que reforçava o preconceito e a barreira religiosa entre eles.

Tempos de Jesus: uma barreira social e religiosa

Nos tempos de Jesus, a separação entre judeus e samaritanos permanecia firme. Os judeus de Jerusalém não aceitavam os samaritanos como parte legítima do povo de Deus e os consideravam permanentemente impuros. 

O preconceito era tão intenso que judeus evitavam até mesmo compartilhar utensílios domésticos com samaritanos, temendo se tornarem cerimonialmente impuros. Além disso, era comum em viagens que os judeus evitassem passar no território dos samaritanos!

Essa tradição explica a surpresa da mulher samaritana ao ver Jesus não apenas falar com ela — algo já incomum, pois rabinos não conversavam com mulheres em público —, mas também pedir água, o que implicaria compartilhar o seu jarro. Para um judeu comum, esse gesto seria impensável.

Jesus quebra a barrera do ódio histórico

O comportamento de Jesus no episódio do poço de Jacó vai além da simples quebra de costumes. Ele demonstra que o Reino de Deus transcende preconceitos, tradições humanas e divisões históricas

Jesus não julgou a mulher samaritana por sua origem nem se deixou levar por séculos de hostilidade entre judeus e samaritanos. Ao contrário, Ele ofereceu a ela a “água viva” — a salvação —, mostrando que o evangelho é inclusivo e destinado a todos os povos.

Além disso, Jesus usou os samaritanos como exemplos positivos em seus ensinamentos. A famosa Parábola do Bom Samaritano é um exemplo emblemático: enquanto líderes religiosos judeus ignoraram um homem ferido à beira da estrada, foi um samaritano quem praticou o verdadeiro amor ao próximo.

Isso desafiava diretamente o preconceito da época e mostrava que a fé verdadeira se manifesta em atitudes, não em genealogias ou tradições humanas.

Assim, a hostilidade entre judeus e samaritanos teve origem em séculos de história marcada por desobediência, invasões, miscigenação e disputas religiosas. Contudo, Jesus Cristo mostrou que nenhum passado, por mais carregado que seja, deve ser motivo para perpetuar ódio ou preconceito. 

Ele nos ensina que a verdadeira adoração não está ligada a um local ou tradição, mas a um coração que busca a Deus “em espírito e em verdade” (João 4:23).

Assim, o que começou como uma rivalidade política e religiosa se tornou, na mensagem do evangelho, um chamado à reconciliação e à unidade espiritual em Cristo.

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