Mateus 18:10 prova que as crianças têm anjo da guarda?
Você Pergunta: Eu vi um vídeo seu em que você analisa o “anjo de Pedro” e chega à conclusão de que não existe anjo da guarda. Porém, acho que você cometeu um erro ali, pois, segundo Mateus 18:10, temos sim anjo da guarda! Esse texto, na minha avaliação, explica de forma clara que as crianças têm um anjo da guarda que as protege! Faça um vídeo corrigindo essa informação!
O ministério dos anjos é amplamente citado nas Escrituras e, de fato, a Bíblia nos ensina que esses seres são enviados para servir e proteger o povo de Deus:
“Não são todos eles espíritos ministradores, enviados para serviço a favor dos que hão de herdar a salvação?” (Hebreus 1:14).
Entretanto, há uma interpretação comum que afirma que cada cristão, especialmente as crianças, possui um anjo da guarda pessoal, baseando-se em Mateus 18:10. Esse versículo diz:
“Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste” (Mateus 18:10).
A leitura isolada pode levar à conclusão equivocada de que “pequeninos” significaria crianças, e que cada criança teria um anjo designado a protegê-la individualmente. E também a leitura do trecho “seus anjos”, também vista isoladamente, pode gerar confusão em seu significado correto no texto!
É por isso que iremos agora entender o contexto correto e o uso de cada uma dessas expressões e aplicações delas dentro do texto!
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O contexto de Mateus 18
Logo no início do capítulo 18, os discípulos se aproximaram de Jesus com uma pergunta sobre quem seria o maior no reino dos céus:
“Naquela hora, aproximaram-se de Jesus os discípulos, perguntando: Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?” (Mateus 18:1).
Em resposta, Jesus chamou uma criança para estar no meio deles e trouxe um ensino impactante:
“E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” (Mateus 18:3).
Neste contexto, a palavra “crianças” (do grego paidia) tem dois significados: primeiro, temos a criança que Jesus levou ali para o meio. Tratava-se de uma pessoa de pouca idade, uma criança.
Segundo, após ensinar que seus servos devem ser como aquela criança, indica pessoas que possuem uma atitude de humildade, simplicidade e confiança – qualidades essenciais para pertencer ao reino de Deus.
Posteriormente, Jesus utiliza o termo “pequeninos” (do grego mikros) em Mateus 18:10, que, embora possa remeter à ideia de crianças, traz em si o significado de algo “pequeno” ou “de pouca importância” aos olhos do mundo.
Assim, Jesus não se refere necessariamente à idade cronológica, mas à condição de humildade e vulnerabilidade espiritual dos seus servos que se entregam totalmente ao cuidado do Pai pela fé!
O ensino de humildade e proteção dos servos de Deus
Jesus usa o exemplo dos “pequeninos” para ilustrar a importância da humildade entre os Seus seguidores. Porém, faz uma advertência muito séria:
“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar.” (Mateus 18:6).
Essa advertência mostra que a proteção dos “pequeninos” – ou seja, dos humildes que se submetem ao Pai pela fé – é algo que Deus vê com muito zelo.
Jesus enfatiza que os que pertencem ao seu reino têm um cuidado especial por parte dos anjos, mas esse cuidado não implica automaticamente que cada pessoa possui um anjo da guarda individualizado.
Em Mateus 18:10, quando Jesus diz que “os seus anjos nos céus veem incessantemente a face de meu Pai celeste”, Ele ressalta que esses anjos estão designados para cuidar do grupo dos “pequeninos” que creem nele. Estão ligados ao Deus todo poderoso e seguindo suas ordens em favor dos servos Dele!
Isso significa que os anjos, como ministros de Deus, operam de forma coletiva para proteger e vigiar os servos humildes do Senhor, não estabelecendo uma relação de guarda individualizada como popularmente se entende.
A função dos anjos na obra de Deus
A Bíblia deixa claro que os anjos cumprem funções específicas: eles são mensageiros e servidores do Pai, encarregados de executar Suas ordens.
“Lançou contra eles o furor da sua ira: cólera, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males” (Salmos 78:49).
Esse versículo evidencia que os anjos também podem agir de maneira severa quando o plano de Deus requer juízo. Assim, o ministério dos anjos não se resume à proteção suave e pessoal de cada indivíduo, mas ao cumprimento da vontade divina de forma ampla e, por vezes, rigorosa contra os maus.
A função dos anjos é servir ao propósito do Pai, e essa função abrange a proteção do povo de Deus como um todo, principalmente daqueles que demonstram verdadeira humildade e fé.
Desmistificando a doutrina do anjo da guarda individual
A ideia de que cada pessoa tem um anjo da guarda particular é muito difundida na cultura popular, mas ao examinar as Escrituras, percebemos que esse conceito não tem um fundamento claro.
Embora alguns versículos, como Mateus 18:10, possam ser interpretados dessa forma, a análise contextual mostra que Jesus estava enfatizando a proteção divina para os “pequeninos” – os servos humildes – e não estabelecendo uma regra de que cada indivíduo tenha um anjo pessoal.
O ensino de Hebreus 1:14 reforça que os anjos são espíritos ministradores, enviados para o serviço daqueles que hão de herdar a salvação. Isso indica que o cuidado dos anjos do Senhor é voltado para o conjunto dos fieis, e não para uma relação de guarda individual que se aplica a cada crente separadamente ou a cada pessoa do mundo (mesmo não sendo serva de Cristo).
A aplicação prática para os cristãos hoje
Ao considerarmos essa passagem, é fundamental entender que o foco do ensino de Jesus em Mateus 18 não é estabelecer uma doutrina de anjo da guarda pessoal, mas enfatizar a importância da humildade e do cuidado com os vulneráveis dentro do reino de Deus.
Em outras palavras, o que Jesus deseja é que os seus seguidores mantenham um coração humilde e vigilante, sabendo que Deus, por meio dos anjos, protege e cuida de todos aqueles que confiam Nele.
Essa proteção divina se manifesta na forma do ministério dos anjos, que opera conforme a vontade do Pai. Assim, os cristãos são encorajados a cultivar essa humildade, a não desprezar os “pequeninos” e a buscar sempre a direção de Deus em suas vidas.
Isso inclui estar atento às próprias atitudes e evitar ser causa de tropeço para os irmãos na fé, conforme enfatizado em Mateus 18:6.
Conclusão:
Dessa forma, Mateus 18:10 não deve ser interpretado como uma prova inequívoca de que cada criança ou crente possui um anjo da guarda individual. Jesus utiliza a expressão “pequeninos” para se referir àqueles que, com humildade, se colocam sob Sua proteção – os servos que se fazem como crianças em termos de dependência e fé. Os anjos mencionados nesse versículo são os ministros de Deus que cuidam coletivamente do povo de Deus, cumprindo as ordens do Pai.
Portanto, não há contradição entre o ensino bíblico do ministério dos anjos e a ideia popular de um anjo da guarda pessoal. A proteção dos anjos se manifesta no serviço coletivo e na vigilância constante sobre os que são humildes e fieis, e não em uma garantia individualizada para cada pessoa.
Que possamos, ao compreender esse ensino, valorizar a humildade em nossa caminhada cristã e lembrar que Deus cuida de todos os seus servos usando do ministério de seus anjos, servindo como um lembrete constante de Seu amor e cuidado por cada um de nós.
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