Os versículos que mostram que Jó murmurou contra Deus!
Você Pergunta: Presbítero, veja se estou errado: sempre ouvi dizer que Jó nunca murmurou contra Deus na triste situação que passou, mas, vou ser bem sincero, há algumas falas dele no livro que parecem uma murmuração, e são bem fortes. Por exemplo, em Jó 19:6. Será que estou entendendo errado? Jó murmurou ou não contra Deus?
Você já deve ter ouvido falar sobre Jó nunca ter murmurado contra Deus enquanto passava pela pesada prova de sua fé, não é mesmo?
Jó realmente era um homem temente ao Senhor e o próprio Deus reconheceu isso no início da narrativa do livro:
“Disse o Senhor a Satanás: Observaste o meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal” (Jó 1:8).
Porém, Jó era uma pessoa como qualquer outra e foi impactado fortemente com as provações que enfrentou. Mas observe um detalhe que as pessoas confundem:
“Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1:11).
Jó blasfemou contra Deus? Sabemos que não, pois a blasfêmia é dizer palavras pesadas com objetivo de ofender e ridicularizar, desonrar ou mesmo tentar usurpar uma glória que pertence só a Deus. Jó não fez isso em nenhuma parte da sua história.
Mas e quanto à murmuração? É possível que Jó tenha murmurado em algum momento? Vamos analisar juntos…
O que é murmuração segundo a Bíblia?
Antes de avaliarmos Jó, precisamos entender um conceito essencial. Murmuração é um resmungo, uma reclamação que passa do ponto do razoável.
Geralmente está ligada a algum tipo de falta de fé ou a momentos nos quais se perde, ainda que temporariamente, a visão espiritual das coisas.
O povo de Israel no deserto é o maior exemplo disso: reclamavam sem parar e duvidavam das mãos de Deus mesmo vendo milagres. E isso por diversas vezes! Deus os puniu depois deles murmuram por dez vezes! Então surge a pergunta: Jó murmurou?
As falas fortes de Jó: Apenas desabafo ou murmuração?
Quando lemos algumas declarações de Jó, é impossível não sentir o peso emocional de suas palavras. Veja, por exemplo, esta fala direta:
“sabei agora que Deus é que me oprimiu e com a sua rede me cercou” (Jó 19:6)
Outra fala igualmente intensa aparece mais adiante:
“Deus, tu me lançaste na lama, e me tornei semelhante ao pó e à cinza” (Jó 30:19)
E ainda:
“Tu foste cruel comigo; com a força da tua mão tu me combates” (Jó 30:21)
Esse é um dos versos que mais parecem murmuração, concorda? Porém, devemos entender que Jó estava em pleno sofrimento e derramava seu coração diante de Deus.
E no cenário de dor extrema, é comum que seres humanos — inclusive os mais fiéis — cometam excessos emocionais e verbais. Com Jó não foi diferente.
Ele não compreendia o motivo de tanto sofrimento. Tentava entender o que estava por trás de suas dores e, na busca por respostas, suas palavras por vezes ultrapassaram a linha da serenidade.
Outro texto reforça esse ponto:
“Porque Deus afrouxou a corda do meu arco e me oprimiu; pelo que sacudiram de si o freio perante o meu rosto” (Jó 30:11)
Jó sentia que Deus estava fazendo algo contra ele, pois se Deus não o estava salvando daquela situação, logo, em sua mente, o Eterno estava trazendo sobre ele um peso que ele não compreendia e achava que não merecia.
Isso tudo, de fato, parece sim uma murmuração. Não no sentido de rebeldia deliberada ou um abandono da fé, mas como alguém profundamente ferido que fala mais do que deveria na ansiedade de entender as coisas.
Tanto que Deus o repreende, fazendo diversas perguntas, levando Jó a uma reflexão profunda (Veja Jó 38 e 39), mostrando que Jó realmente passou dos limites em alguns momentos.
A confissão sincera de Jó: ele reconheceu seus excessos
A pergunta então muda: se havia algum excesso, Jó admitiu isso? Ele compreendeu que cometeu algum erro? Sim! E de maneira linda, humilde e madura. Veja o que o próprio Jó diz sobre si mesmo:
“Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia” (Jó 42:3).
Aqui Jó reconhece sua limitação. Ele admite que falou sem conhecimento adequado. Reconhece que ultrapassou a linha. E não é só isso — ele demonstra arrependimento sincero:
“Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42:6)
Isso é extraordinário. Jó não blasfemou, como Satanás disse que faria, mas cometeu alguns excessos verbais, e isso ele mesmo reconhece como algo errado.
Podemos chamar esses excessos de murmuração? Em algum nível, sim. Mas não uma murmuração incrédula e rebelde, e sim a murmuração da dor, do limite emocional de alguém esmagado por tribulações pesadas.
E Deus, em sua misericórdia, o tratou com compaixão.
Mesmo com excesso, Jó permanece exemplo de paciência
A Bíblia não esconde a humanidade de Jó, mas também não diminui sua fidelidade. Depois de tudo o que ele passou, e até com seus deslizes, Ele ainda é considerado um exemplo de paciência:
“…Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo” (Tiago 5:11)
Isso é forte demais, não é mesmo?
Veja como Deus vê o quadro completo: Jó passou por uma provação que assustaria qualquer um de nós. Sofreu, fraquejou, questionou e até murmurou em algum nível. Mas não abandonou Deus, não blasfemou, não se levantou contra o Senhor. E quando percebeu seus erros, se arrependeu.
Esse é o coração que Deus aprova.
Conclusão: afinal, Jó murmurou ou não?
Diante de tudo o que analisamos:
- Jó não blasfemou — e isso está claro na Bíblia.
- Jó cometeu alguns excessos verbais, carregados de muita emoção.
- Esses excessos podem ser entendidos como algum nível de murmuração, fruto de dor extrema.
- Jó reconheceu seu erro, se humilhou e se arrependeu.
- Deus o aprovou, restaurou e o colocou como exemplo para todas as gerações.
A história de Jó nos ensina que a fé verdadeira não é a ausência de dor, mas a capacidade de voltar-se para Deus mesmo quando estamos quebrados. Murmurar em meio à dor não é o ideal, mas reconhecer o erro e retornar ao Senhor é o que realmente importa.
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