O que significa colocar a mão no arado e não olhar para trás?
Você Pergunta: Presbítero, o que significa, na prática, quando Jesus diz que aquele que colocar a mão no arado não deve olhar mais para trás? Eu pergunto isso porque todos nós erramos e tomamos decisões que, muitas vezes, não agradam a Deus. Então, esse versículo parece impossível de cumprir se ele estiver se referindo a não pecar e a ter uma vida totalmente santa diante de Deus. Ajude-me a entender.
Jesus usou muita linguagem figurada em muitos de seus ensinos, usando coisas do dia a dia de seu povo, coisas que eram facilmente compreendidas em ligações muito diretas. Uma dessas lições se refere ao custo de servir a Jesus.
Sabemos que somos salvos pela graça de Deus, como está escrito: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).
A graça de Deus significa que não merecemos a salvação, mas a recebemos como bênção gratuita do Senhor. Mas isso quer dizer que a graça não tem valor ou que somos passivos em tudo? Evidente que não!
Existem custos para ser um servo de Cristo! Existem consequências, há coisas das quais precisamos abrir mão e outras que precisamos acrescentar em nossas vidas!
É justamente sobre isso que Jesus fala quando usa a expressão sobre colocar a mão no arado e não olhar para trás. Vamos entender melhor essa lição poderosa.
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O contexto do ensino de Jesus sobre o arado
O texto em questão está em Lucas 9:62, onde lemos: “Mas Jesus lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus” (Lucas 9:62).
Essa frase é parte de um diálogo mais amplo que Jesus teve com algumas pessoas que declararam o desejo de segui-lo. No entanto, cada uma dessas pessoas recebeu de Jesus um alerta sobre o custo de segui-lo verdadeiramente.
Seguir a Cristo exige decisão firme, disposição e, muitas vezes, renúncia de coisas que consideramos importantes.
Entre essas três conversas citadas em Lucas 9, a última é especialmente marcante: “Outro lhe disse: Seguir-te-ei, Senhor; mas deixa-me primeiro despedir-me dos de casa” (Lucas 9:61).
À primeira vista, esse pedido parece legítimo e até natural — afinal, quem não gostaria de se despedir da família antes de partir? Porém, Jesus percebeu que havia algo por trás dessa fala: uma relutância em dar o passo decisivo. Essa pessoa ainda não estava completamente disposta a seguir o Mestre sem reservas.
Foi nesse contexto que Jesus disse a frase sobre o arado. Ele estava mostrando que seguir a Ele exige foco, entrega total e uma decisão sem volta. Não se pode seguir Jesus olhando para trás, com o coração dividido entre o passado e o futuro que Ele nos chama a viver.
O que significa colocar a mão no arado
Você sabe o que é um arado? O arado é um instrumento agrícola usado para rasgar a terra dura, tornando-a mais fofa e preparada para receber a semente. Esse trabalho exige força, firmeza e, acima de tudo, foco de quem conduz esse arado.
O agricultor que conduz o arado precisa manter os olhos fixos à frente, com firmeza, pois qualquer distração pode fazer o sulco (rasgo) feito na terra ficar torto, desalinhado, prejudicando todo o plantio.
Quando Jesus usa essa figura, Ele está dizendo que quem decide segui-lo precisa ter a mesma postura: olhar firmemente para Ele e para o propósito e não se distrair com o passado ou outras coisas que não fazem parte do plano de Deus!
Colocar a mão no arado é assumir, de forma intencional e consciente, o compromisso de servir a Deus de todo o coração. É alinhar os passos com a vontade do Pai, mesmo que o caminho pareça difícil.
Assim como o lavrador que se distrai e estraga a linha de plantio, o discípulo que olha para trás — para sua antiga vida, para os prazeres e hábitos que deixou ou outra coisa que o tire do propósito do Senhor — acaba desviando-se da vontade de Deus.
Olhando para trás: o perigo da indecisão espiritual
Quando Jesus diz que quem olha para trás não é apto para o reino de Deus, Ele não está falando de perfeição sem pecado, mas de firmeza de propósito.
Há uma grande diferença entre errar em nossa caminhada e olhar para trás com saudade da vida antiga. Todos nós pecamos e falhamos, mas o olhar de quem segue a Cristo deve estar voltado para frente, em arrependimento e crescimento constante.
O “olhar para trás” representa o coração dividido — aquele que ainda deseja o que ficou no passado. É como a mulher de Ló, que olhou para trás e se transformou em uma estátua de sal (Gênesis 19:26).
O problema não foi o olhar em si, mas o desejo pelo que ela deixara. Jesus quer corações firmes, que não vacilem entre dois caminhos.
O autor de Hebreus reforça isso ao dizer: “Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma” (Hebreus 10:39). O discípulo verdadeiro segue adiante, mesmo diante das dificuldades, sustentado pela fé.
Ainda em Hebreus, lemos uma fala forte: “olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2).
O custo e a decisão de seguir a Cristo
O ensino de Jesus sobre o arado também nos faz refletir sobre o custo do discipulado. Embora a salvação seja gratuita, segui-lo tem um preço — não em dinheiro, mas em dedicação, renúncia e prioridade.
Jesus deixa isso claro em outro trecho: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23).
Negar a si mesmo é dizer não à vontade própria quando ela se opõe à vontade de Deus. É escolher obedecer, mesmo quando isso custa algo. Muitos querem seguir Jesus, mas poucos estão dispostos a renunciar. Colocar a mão no arado significa dizer: “Senhor, estou contigo, custe o que custar”.
Por isso, Jesus confrontava as intenções daqueles que queriam segui-lo apenas por emoção ou conveniência. O discipulado não é uma aventura passageira, é um compromisso de vida. É a decisão de permanecer firme, mesmo quando os ventos contrários sopram.
Permanecer firme até o fim
Jesus nos chama a seguir adiante com perseverança. Não há espaço para distrações, indecisões ou inconstância. Paulo entendeu isso muito bem e escreveu: “Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3:14).
O discípulo fiel não aceita retroceder, não quer perder o foco, não deseja viver desanimado diante das lutas. E, mesmo em momentos difíceis, ele busca enfrentá-los junto de Cristo e não se afastando Dele!
Ele mantém os olhos no alvo: Cristo. Isso não significa que nunca tropeçará, mas que sempre se levantará e continuará caminhando.
Assim como o lavrador que precisa manter o arado firme para produzir uma boa colheita, o cristão que mantém o foco em Cristo colherá frutos de fé, obediência e maturidade espiritual. Olhar para trás é perder a direção; olhar para frente é seguir com confiança na graça que sustenta e fortalece.
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