O que são os FANTASMAS citados em Isaías 34:14?
Você Pergunta: Presbítero, iniciei um estudo mais aprofundado sobre os profetas, começando em Isaías. Em Isaías 34:14, fiquei surpreso por estar citada a palavra “fantasma”. Gostaria que me ajudasse a entender qual seria o significado ali. Seria a mesma coisa que entendemos como fantasma na cultura popular, ou seja, espíritos de pessoas mortas ou até demônios?
O capítulo 34 de Isaías fala sobre a indignação de Deus diante das nações que estão entregues ao pecado e que receberiam o juízo do Senhor.
Esse é um capítulo carregado de imagens fortes, mostrando como Deus lida com povos que se levantam contra Ele.
No verso 9, o profeta passa a falar de Edom, que nessa profecia representa todas as nações que se opõem ao Senhor. É importante lembrar que Edom vem de Esaú, irmão de Jacó, sendo ao longo da história um inimigo constante de Israel. O profeta descreve assim:
“Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente” (Isaías 34:9).
Dentro dessa profecia de juízo e destruição, o texto utiliza várias imagens para descrever a devastação que recairia sobre as nações ímpias. Dentre essas figuras, Isaías 34:14 chama a atenção ao mencionar animais e seres que mexiam com o imaginário popular:
“As feras do deserto se encontrarão com as hienas, e os sátiros clamarão uns para os outros; fantasmas ali pousarão e acharão para si lugar de repouso” (Isaías 34:14).
O que significam esses símbolos? E, em especial, que “fantasmas” são esses? Será que são espíritos de pessoas mortas, como entendemos na cultura popular supersticiosa? Vamos analisar cuidadosamente.
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Feras do deserto e hienas
Quando a profecia menciona “feras do deserto” e “hienas”, está retratando animais selvagens dominando Edom, a figura simbólica das nações rebeldes contra Deus. A imagem é de um cenário tão devastado que não restaria mais vida humana organizada, apenas criaturas selvagens ocupando o território.
Esse simbolismo mostra que o homem perderia totalmente o controle da situação, e o orgulho das nações seria humilhado. Onde antes havia cidades, comércio, segurança e poder, passaria a haver apenas ruínas dominadas por animais selvagens.
O juízo de Deus, portanto, seria tão intenso que até a ordem natural da convivência humana seria substituída pelo caos e pela desolação.
O mistério dos sátiros
Outro símbolo curioso é o dos “sátiros”. A palavra traduzida aqui pode significar simplesmente cabritos ou bodes, mas também pode ser entendida como animais “endiabrados”, ou seja, bodes selvagens que, em algumas culturas, eram associados a forças espirituais malignas.
A ideia principal é de animais que não costumam conviver com humanos, mas que tomariam conta das cidades destruídas. Esse quadro reforça a imagem de que a devastação seria tão completa que lugares antes habitados por pessoas se tornariam morada de criaturas indomáveis e ameaçadoras.
O texto não quer ensinar sobre mitologia pagã, mas usa imagens conhecidas da época para pintar um quadro simbólico da destruição e de como as pessoas dessas nações ficariam apavoradas com o juízo do Senhor.
O termo “fantasmas” em Isaías 34:14
Agora chegamos ao ponto mais intrigante do verso: os “fantasmas”. A tradução da ARA usa esse termo para a palavra hebraica “liyliyth”. O significado desse termo não é totalmente consensual entre os estudiosos.
Alguns entendem que “liyliyth” poderia designar um tipo de coruja ou outro animal noturno que era também ligado a muitas superstições. Esse entendimento faz sentido no contexto, já que todo o texto está descrevendo animais selvagens habitando a terra devastada.
Se for esse o significado, então a ideia é que o lugar ficaria cheio daquilo que os homens mais temiam na noite, representando a figura de um ambiente de pavor e insegurança.
Outros, porém, interpretam “liyliyth” como uma referência a uma figura demoníaca feminina presente em algumas tradições judaicas, relacionada à sedução de homens e ao rapto de crianças.
Essa figura aparece em escritos fora da Bíblia, mas o contexto de Isaías 34 parece favorecer mais a primeira interpretação, já que o capítulo segue uma linha de descrição citando animais.
Não são espíritos de pessoas mortas
É fundamental esclarecer que, no texto bíblico, o termo traduzido por “fantasmas” não deve ser entendido da forma como a superstição popular moderna pensa — como espíritos de mortos vagando pela terra. O contexto de Isaías não dá margem para isso.
A profecia está usando a linguagem de animais e seres simbólicos para mostrar a total desolação que viria sobre Edom, representando todas as nações que se levantam contra o Senhor.
Portanto, os “fantasmas” não são espíritos desencarnados, mas sim uma referência a animais noturnos assustadores, que se tornariam senhores de um território arrasado e abandonado.
Algumas traduções mais atuais já utilizam uma linguagem diferente para não gerar dúvidas desnecessárias sobre o uso do termo “fantasmas”. Veja como a Nova Almeida Atualizada (NAA) traduz:
“Os animais do deserto se encontrarão com as hienas, e os bodes selvagens clamarão uns aos outros; animais noturnos ali pousarão e acharão para si lugar de repouso” (Isaías 34:14 – NAA)
Uma lição para os nossos tempos
Ao entendermos o simbolismo de Isaías 34:14, aprendemos que o juízo de Deus é certeiro contra o pecado e a rebeldia. O que antes parecia sólido, cheio de poder e inabalável, pode ser reduzido a ruínas, dominado por aquilo que os homens mais temem.
O orgulho humano, representado em Edom, não resiste à ação do Senhor. Da mesma forma, todas as nações e indivíduos que se levantam contra Deus podem até prosperar por um tempo, mas, no momento certo, o Senhor mostrará Sua justiça.
A menção a feras, hienas, sátiros e fantasmas (animais noturnos) nos lembra que o pecado sempre leva à destruição e ao caos. Somente em Deus há segurança verdadeira, paz e ordem.
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