Corpus Christi: Por que evangélicos não comemoram essa data?
Você Pergunta: Presbítero, explica para mim, de uma forma simples, qual é a diferença da data de Corpus Christi para católicos e para evangélicos? Eu era católica, não muito praticante, mas sempre participava dessas festas. Hoje sou evangélica e não compreendo muito bem por que os evangélicos não comemoram esse feriado. Faz um estudo para ajudar pessoas como eu a entender!
Todos os anos, geralmente entre o final de maio e o início de junho, muitos cristãos no Brasil e em outros países separam um dia especial para celebrar o chamado Corpus Christi. Esse nome em latim significa “Corpo de Cristo”, e para os católicos romanos, essa celebração é um dos momentos mais importantes do calendário religioso deles.
Mas, afinal, o que exatamente se celebra no dia de Corpus Christi? E por que os evangélicos não participam dessa comemoração e se posicionam contra ela?
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O que é Corpus Christi na visão católica?
Na tradição católica, o Corpus Christi é celebrado sempre na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que por sua vez vem uma semana após o domingo de Pentecostes. Por isso, é uma data móvel, caindo sempre entre o fim de maio e o início de junho.
A festa de Corpus Christi começou a ser praticada oficialmente no século XIII, mais especificamente no ano de 1264, quando o Papa Urbano IV instituiu a solenidade como uma festa para toda a Igreja Católica.
O ponto central da celebração é exaltar e adorar a presença real do corpo de Cristo na eucaristia — ou seja, na hóstia. Para os católicos, quando o padre consagra a hóstia e o vinho durante a missa, eles se transformam no próprio corpo e sangue de Jesus Cristo. Esse processo é chamado de transubstanciação.
Em outras palavras, ao participar da eucaristia, o católico crê que está colocando na boca e consumindo literalmente o corpo e o sangue de Cristo — não como símbolos, mas como realidades espirituais materializadas.
Então, se um católico participar durante a sua vida de mil celebrações de eucaristia, estará comendo o corpo e o sangue de Cristo por mil vezes, de forma material, física, real!
Será que isso faz algum sentido biblicamente?
Por que os evangélicos não comemoram o Corpus Christi?
A razão principal é que os evangélicos compreendem a ceia do Senhor de maneira bastante diferente. Para o evangélico, a ceia é uma ordenança dada por Jesus, mas seu foco é memorial, ou seja, relembrar o sacrifício de Jesus na cruz do calvário!
Vamos observar o que Jesus disse ao instituir a ceia:
“E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de mim” (Lucas 22:19).
Aqui, o texto deixa claro que Jesus está vivo diante dos discípulos e está usando o pão como um símbolo do que aconteceria na cruz.
Quando Ele diz “isto é o meu corpo”, é evidente que está falando de maneira simbólica, pois o corpo físico dele ainda estava ali inteiro e não foi partido em pedaços para ser comido. Ele ia para a cruz, iria fazer o sacrifício, isso era certo, mas ainda não havia chegado o momento.
Logo, na primeira ceia, os apóstolos não comeram o corpo de Jesus no pão, pois ele ainda não tinha sido sacrificado na cruz!
Jesus estava ensinando que, sempre que o pão e o vinho fossem tomados pelos seus discípulos no futuro, aquilo deveria ser feito em memória d’Ele, lembrando do Seu sacrifício na cruz, mas nunca repetindo esse sacrifício ou fazendo da ceia uma nova crucificação.
A transubstanciação e o Corpus Christi: um erro teológico sério
A doutrina da transubstanciação é vista pelos teólogos reformados como um desvio teológico perigoso por várias razões:
Contraria o sentido claro das palavras de Jesus – Como vimos, Jesus estava presente ao usar o pão e o vinho como símbolos. Se Ele estivesse falando literalmente, estaria incentivando uma espécie de canibalismo ritual, o que não faz sentido à luz do restante das Escrituras.
Repete o sacrifício de Cristo – A doutrina católica sugere que, a cada missa, o sacrifício de Cristo é renovado, de forma não cruenta, mas real. Porém, a Bíblia afirma que Jesus morreu uma única vez pelos nossos pecados. Seu sacrifício foi completo e suficiente. Como diz a Carta aos Hebreus:
“Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:14).
Aponta para uma presença física de Cristo na hóstia – Essa ideia faz parecer que Jesus está sendo partido, mastigado e digerido por milhões de pessoas ao redor do mundo, o que fere o ensinamento bíblico sobre sua ressurreição e glória. O Jesus ressuscitado não está mais limitado à matéria como nós. Ele está vivo, glorificado, à direita de Deus Pai.
Podemos ainda acrescentar que a própria igreja católica só começa a fazer a celebração de Corpus Christi no século XIII, fortemente apoiada em tradições que vão além da Bíblia, o que é um erro!
A visão bíblica da ceia do Senhor não é o Corpus Christi!
A ceia do Senhor, segundo a Bíblia, é um memorial simbólico e espiritual. Os elementos (pão e suco da videira) apontam para o corpo e sangue de Cristo, mas não se tornam literalmente o corpo e o sangue d’Ele.
Não encontramos em nenhum lugar das Escrituras o ensino de que os elementos da ceia passam por uma transformação sobrenatural de substância. O que vemos, sim, é o ensino de que ela deve ser feita com reverência, fé e consciência limpa:
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice” (1 Coríntios 11:28).
Além disso, a presença de Jesus na ceia é real, mas espiritual, não física. Cristo está no meio do seu povo quando este se reúne em Seu nome e isso não acontece de forma física e limitada, mas de forma espiritual e ilimitada:
“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mateus 18:20).
Portanto, Jesus está presente, sim, mas como o Senhor ressurreto, que já venceu a morte, e não como um corpo partido sobre um altar de uma igreja.
Conclusão: Por que evangélicos não celebram o Corpus Christi?
A resposta é simples: porque a base dessa celebração é uma doutrina equivocada. O Corpus Christi está fundamentado na ideia de que Jesus está fisicamente presente na hóstia e que os fiéis o comem e bebem de forma literal. Isso não tem fundamento bíblico.
A ceia do Senhor, para os evangélicos, é uma celebração feita em memória do sacrifício de Cristo, com os elementos (pão e suco da videira e não somente hóstia, diga-se de passagem) servindo como símbolos visíveis de verdades espirituais profundas. Jesus morreu uma vez por todas, e sua presença entre nós é garantida pelo Espírito Santo, não por uma substância sagrada na mão de um sacerdote.
Assim, respeitando a fé dos católicos, os evangélicos preferem não participar ou celebrar essa data, pois compreendem que ela é um erro interpretativo sério que deve ser combatido e não alimentado!
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