Parábola do juiz iníquo. Por que um juiz maligno é comparado com Deus?

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Presbítero, aquela parábola do juiz iníquo me deixa com algumas dúvidas. Parece que Jesus está dizendo que a insistência em pedir as coisas fará com que Deus nos atenda naquilo que pedimos. Essa interpretação está correta? Ou a lição é outra? Faça para nós o comentário dela na sua série de parábolas, verso por verso.

A parábola do juiz iníquo possui um detalhe raro entre os ensinos de Jesus: antes mesmo de Ele começar a contá-la, já entrega o tema central que deseja gravar na mente de seus ouvintes:

“Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer:” (Lucas 18:1).

Isso não elimina outras verdades presentes na história, mas serve como um holofote que ilumina todo o restante. Jesus queria que seus discípulos ouvissem cada frase carregando esse foco: orar sempre e nunca esmorecer.

Esse destaque se torna ainda mais significativo quando lembramos o contexto imediato. Lucas 17:20–37 fala sobre a segunda vinda de Cristo, enfatizando que ela acontecerá de maneira inesperada, mas dentro do tempo perfeito de Deus — não da pressa humana. 

Assim, esta parábola é um antídoto contra a ansiedade espiritual e contra o desânimo dos que aguardam as promessas do Senhor, achando-a demorada demais!

Jesus ensina que o caminho até o cumprimento de tudo que Deus determinou exige perseverança, confiança e oração constante.

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Parábola do juiz iniquo explicada verso por verso

O cenário: um juiz que não teme a Deus

“Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava homem algum.” (Lucas 18:2).

Logo no início, Jesus introduz um personagem perturbador: um juiz completamente corrupto, sem temor de Deus e sem respeito pelos homens. É importante notar que a parábola não está comparando Deus com esse juiz, como se o Senhor agisse motivado por egoísmo ou irritação. 

Pelo contrário, Jesus usa um recurso típico do ensino chamado “quanto mais” A ideia é a seguinte: se até um homem injusto, insensível e egoísta é capaz de agir diante da insistência de alguém, quanto mais Deus — que é perfeito, justo e cheio de misericórdia — responderá às orações dos seus filhos.

A força da parábola está justamente nesse contraste e não em uma semelhança moral entre Deus e o juiz maligno.

A viúva e sua causa justa

“Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário.” (Lucas 18:3).

No mundo antigo, viúvas representavam o grupo mais vulnerável da sociedade. Sem marido, sem proteção e muitas vezes sem recursos, dependiam da bondade de outras pessoas e até de intervenções legais para garantir seus direitos. 

Jesus escolhe exatamente esse exemplo clássico de fragilidade para reforçar a ideia de que a perseverança pode ser a única arma dos indefesos. Ela só tinha sua confiança na justiça e na sua perseverança!

A viúva não tinha dinheiro, influência, nem poder. Mas tinha algo que ninguém podia tirar: a certeza de que sua causa era justa — e a disposição de recorrer ao único que poderia agir. Enquanto o juiz se guiava pelo próprio interesse, ela se guiava pela convicção e pela persistência.

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O juiz ignora, mas a insistência o incomoda

“Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum;” (Lucas 18:4).

O juiz simplesmente não queria atender a viúva. Talvez por desprezo, talvez por falta de vantagem pessoal — afinal, ela não tinha nada para oferecer. Entretanto, a insistência diária da mulher parece ter provocado algo nele, não por compaixão, mas pelo incômodo constante.

Jesus quer que seu público perceba algo: se até um coração endurecido pode ser movido por insistência, então a perseverança dos justos diante de Deus certamente não será ignorada.

A decisão motivada pelo incômodo

“todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para não suceder que, por fim, venha a molestar-me.” (Lucas 18:5).

Este verso revela a motivação egoísta do juiz. Ele atende a mulher apenas para livrar-se de sua insistência. Para ele, ela era um estorvo; para ela, aquela persistência era a única porta para a justiça.

A expressão “molestar-me” tem um tom irônico: é como se o juiz dissesse: “se não resolver isso logo, essa mulher vai acabar comigo!”

O exagero mostra o abismo moral entre o personagem e Deus. O juiz age para manter sua própria paz; Deus age por amor, justiça e misericórdia.

Prestem atenção ao contraste

“Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo.” (Lucas 18:6).

Jesus interrompe a narrativa para chamar seus ouvintes à reflexão: observem as palavras desse homem injusto. O foco agora não está mais na viúva ou nos detalhes da história, mas na resposta do juiz — uma resposta que ocorreu apesar de sua iniquidade.

Aqui fica evidente que Jesus está guiando seus discípulos para uma conclusão maior: se um juiz perverso se levanta para fazer justiça, quanto mais o Deus perfeito se levantará para socorrer os seus. Essa verdade deve ser uma reflexão constante no coração dos servos do Senhor!

Deus é juiz perfeito e responde no tempo certo

“Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lucas 18:7).

Agora Jesus apresenta a verdadeira aplicação espiritual da parábola. Os escolhidos de Deus clamam a Ele “dia e noite”, assim como a viúva insistia constantemente. A oração perseverante é a confissão de nossa dependência absoluta do Pai. Confiamos Nele! Por isso, clamamos a Ele!

Mas Jesus também reconhece algo muito real: às vezes parece demorado. Do nosso ponto de vista, Deus pode parecer lento. Mas esta é apenas a perspectiva humana. Deus não tarda; Ele age sempre no tempo exato, segundo seu plano perfeito. 

O ensino central é: enquanto Deus trabalha nos bastidores, nós perseveramos, confiamos e continuamos a clamar sem esmorecer. O coração do Pai é justo e nos socorrerá!

A justiça de Deus vem, e vem depressa

“Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (Lucas 18:8).

A expressão “depressa” não significa que tudo será imediato aos nossos olhos, mas que, no momento determinado, Deus agirá com precisão e rapidez. Quando a intervenção chega, não há atrasos nem falhas.

Jesus encerra a parábola com uma pergunta que provoca o coração: Haverá fé quando Ele voltar? Em outras palavras: haverá gente como a viúva? Haverá perseverantes? Haverá discípulos que continuam clamando, confiando e esperando mesmo quando tudo parece demorado?

A pergunta não coloca dúvida sobre a vitória final de Cristo, mas sobre a fidelidade humana. O chamado é para sermos como a viúva: dependentes, insistentes, confiantes e perseverantes até o fim.

Esse final é provocativo e tem o objetivo de provocar uma resposta firme da nossa parte: Sim, Senhor, o Senhor encontrará minha fé viva quando o Senhor voltar, ainda que passe por dificuldades nessa vida!

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