Espírito Santo no Velho Testamento? O caso de Moisés e dos 70 anciãos!

Postado por Presbítero André Sanchez, em #VocêPergunta |
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Você Pergunta: Presbítero, em um determinado momento da peregrinação do povo de Israel pelo deserto, a Bíblia registra que Deus declarou que tomaria do Espírito que estava sobre Moisés e o colocaria sobre outras pessoas. Diante disso, surge a seguinte dúvida: o que exatamente significa essa expressão “tirar do Espírito que estava em Moisés”? Isso quer dizer que o Espírito de Deus pode ser repartido ou dividido entre diferentes pessoas? Como funciona isso?

Para compreender corretamente a declaração do Senhor registrada em Números 11, é indispensável considerar o contexto histórico e espiritual do momento vivido por Israel. 

O povo estava em peregrinação rumo à Terra Prometida, atravessando o deserto sob a constante prova da fé e da obediência. Nesse cenário, surge uma forte insatisfação do coração deles, relacionada à alimentação.

A Escritura relata que o povo começou a desejar carne! Uma grande vontade de se alimentar desse tipo específico de alimento brotou no coração deles. Mas não sabemos como esse desejo tão intenso começou.

“O populacho que estava no meio deles veio a ter grande desejo; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e disseram: Quem nos dará carne a comer?” (Números 11:4). 

Esse desejo rapidamente se transforma em nostalgia pecaminosa pelo Egito. Sentiram saudades do Egito! Dá para acreditar?

Eles passam a recordar com saudade dos alimentos da escravidão, ignorando o fato de que agora eram um povo livre, sustentado diretamente por Deus. 

“Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça, dos pepinos, dos melões, dos porros, das cebolas e dos alhos” (Números 11:5). 

O problema se agrava quando essa murmuração se volta contra o maná, o alimento sobrenatural que o Senhor lhes concedia diariamente (Números 11:6-9).

É nesse ambiente de ingratidão coletiva que surge o profundo desgaste emocional e espiritual de Moisés, abrindo espaço para uma intervenção graciosa de Deus.

O peso do ministério e o esgotamento de Moisés

O texto bíblico descreve que Moisés não apenas ouviu o clamor do povo, mas percebeu que aquela atitude despertava a justa ira do Senhor. 

“Então, Moisés ouviu chorar o povo por famílias, cada um à porta de sua tenda; e a ira do SENHOR grandemente se acendeu, e pareceu mal aos olhos de Moisés” (Números 11:10).

A pressão era enorme. Moisés estava entre um povo insatisfeito e um Deus santo. Diante disso, ele faz algo profundamente humano: abre o coração diante do Senhor e expõe seu esgotamento.

“Disse Moisés ao SENHOR: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo?” (Números 11:11).

Moisés reconhece seus limites e verbaliza algo essencial para qualquer servo de Deus: ele não foi chamado para carregar tudo sozinho. 

Esse desabafo culmina numa confissão clara: “Eu sozinho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais” (Números 11:14).

Aqui não vemos rebeldia, mas cansaço legítimo. Um líder fiel, porém sobrecarregado.

A resposta misericordiosa de Deus: compartilhar o ministério

Deus não repreende Moisés por sua fraqueza. Pelo contrário, responde com misericórdia e solução prática. O Senhor decide compartilhar o peso da liderança, estabelecendo uma estrutura coletiva de liderança para o povo.

“Disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo” (Números 11:16).

A solução do Pai não é retirar Moisés do ministério, mas multiplicar líderes capacitados, permitindo que a responsabilidade fosse distribuída. Deus nunca planejou que Seu servo carregasse sozinho um fardo tão grande. Deus estava trabalhando processos no coração de Moisés e do próprio povo.

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“tirarei do Espírito que está sobre ti”: o sentido correto da expressão

É nesse ponto que surge a declaração que gera algumas dúvidas legítimas em muitos:

“Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente” (Números 11:17).

Essa frase não pode ser interpretada de forma matemática, como se o Espírito de Deus fosse uma substância divisível. O Espírito não é reduzido, fracionado ou enfraquecido. Moisés não ficou com “menos Espírito” para que outros recebessem “partes”.

O mesmo Espírito que capacitou Moisés continuou atuando plenamente nele, enquanto capacitou também os setenta anciãos de maneira igualmente plena. O foco do texto é funcional, não quantitativo.

Trata-se da extensão da capacitação espiritual, especialmente voltada para dons administrativos, liderança e discernimento, necessários à missão.

Um elemento extremamente importante para a correta compreensão de Números 11 é o sinal visível que Deus concedeu para confirmar a capacitação espiritual dos setenta anciãos. 

O texto bíblico afirma: “Então, o SENHOR desceu na nuvem, e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava sobre ele, o pôs sobre os setenta anciãos; quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais” (Números 11:25). 

A profecia, nesse contexto, não deve ser entendida como um dom contínuo ou um novo ofício profético permanente, mas como um sinal público, pontual e inconfundível de que aqueles homens haviam sido, de fato, separados e capacitados por Deus para compartilhar o peso da liderança com Moisés. 

Esse sinal serviu tanto para Moisés quanto para o povo, legitimando espiritualmente a nova estrutura de liderança.

Além disso, o fato de o texto registrar que eles “depois nunca mais” profetizaram é teologicamente significativo. Isso reforça que a manifestação do Espírito ali tinha um propósito específico e limitado, ligado à confirmação do chamado e não à manutenção de uma experiência espiritual extraordinária. 

Deus estava mostrando que o verdadeiro foco não era a experiência em si, mas o serviço que deveria ser realizado. 

O Espírito Santo se manifestou de forma visível para autenticar a missão, e não para deslocar a atenção para dons espetaculares, ensinando que a capacitação espiritual genuína sempre aponta para a responsabilidade e para o cuidado do povo, e não para exaltação pessoal.

A atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento

Aqui é fundamental uma observação teológica importante. No Antigo Testamento, o Espírito Santo age de forma pontual e funcional, capacitando pessoas específicas para tarefas específicas. Isso é diferente da realidade inaugurada após Cristo.

Somente após a obra redentora de Jesus é que o Espírito passa a habitar permanentemente em cada crente, conforme prometido por Cristo e cumprido em Atos 2. No período mosaico, o Espírito vinha, capacitava e direcionava conforme a missão.

Portanto, o que ocorre em Números 11 é um exemplo clássico dessa atuação pontual: Deus capacita setenta líderes para auxiliar Moisés, sem diminuir a atuação do Espírito nele.

Teofania, capacitação e cuidado do Senhor

O texto afirma que Deus “desceria” para realizar essa ação, o que indica uma teofania, ou seja, uma manifestação perceptível da presença de Deus. Isso reforça a seriedade e a origem sobrenatural dessa capacitação.

Responsabilidades seriam transferidas, o fardo seria dividido, e tudo isso aconteceria pela ação do Espírito de Deus, que é quem capacita Seus servos para a obra.

O episódio revela algo precioso: Deus cuida de Seus servos, ouve suas orações e não ignora seus limites. “Tirar do Espírito que estava sobre Moisés” foi um ato de graça, não de perda. Foi Deus dizendo: “Você não está sozinho”.

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