Parábola do Filho Pródigo explicada versículo por versículo
Essa parábola foi contada por Jesus de forma estratégica, ao final de três parábolas sobre coisas perdidas. A primeira foi a parábola da ovelha perdida (Lucas 15:3-7), seguida da parábola da dracma perdida (Lucas 15:8-10) e, por fim, temos a parábola do filho perdido (pródigo).
Isso nos mostra que esse trio de parábolas tinha como ponto de ensino central falar de pessoas que estavam perdidas, que precisavam ser “encontradas”! São parábolas sobre a obra de Cristo, sobre a misericórdia de Deus e o perdão do Senhor para os pecadores arrependidos.
É com essa ótica (e contexto) que lemos e interpretamos a parábola do filho pródigo. Vamos, então, analisar essa parábola verso por verso.
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Parábola do filho pródigo explicada versículo por versículo
Lucas 15:11-12 – O pedido de herança pelo filho mais novo
“Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres” (Lucas 15:11-12).
Os dois filhos desse pai amoroso citado aqui, até o momento, trabalhavam normalmente na propriedade do pai, tirando dela tudo que era preciso.
O filho mais novo, porém, tem uma ideia um tanto quanto estranha: pedir a herança ao pai ainda com ele vivo. Isso poderia ser feito, porém, geralmente, se o pai concordasse com tal ideia, ficava nas propriedades usando toda a renda que elas produziam, ficando apenas a propriedade em nome dos herdeiros.
Mas aqui o pai repartiu a herança. No caso do filho mais moço, ele recebe em dinheiro a sua parte. O filho mais velho fica na propriedade, certamente com sua parte em seu nome. Somente depois, com a morte do pai, o filho mais velho teria controle pleno sobre tudo.
Lucas 15:13 – Os desperdícios feitos pelo filho mais novo
“Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente” (Lucas 15:13).
Notamos que o filho perdido não queria que nada ficasse que pudesse prendê-lo na casa de seu pai. Por isso, ele leva todos os seus bens. Dá para perceber que ele estava desviado da verdadeira sabedoria de Deus!
Isso é percebido pela observação de seus atos: depois que estava com uma grande quantia inicial de riquezas em mãos, ele vai para uma “terra distante”, para tentar ficar bem longe do Pai. Isso revela seu coração.
Ele dissipa seus bens, vivendo dissolutamente, o que significa esbanjar com desperdícios dos mais desenfreados possíveis. Ele perdeu a cabeça, entregando-se aos prazeres do mundo!
Lucas 15:14-15 – A consequência da tolice e da fome
“Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos” (Lucas 15:14-15).
Temos agora duas circunstâncias problemáticas que o filho teve de enfrentar. A primeira era 100% responsabilidade dele: ele consumiu todo o dinheiro, não fez qualquer reserva e não investiu em negócios que pudessem sustentá-lo. Isso mostra ainda mais a sua tolice.
A segunda circunstância problemática não era sua responsabilidade: foi a fome severa que atingiu a região onde ele vivia. No entanto, sua tolice na administração dos bens dificultou ainda mais o enfrentamento da fome.
Passar necessidade era a consequência óbvia. Com a fome naquele local, certamente não era fácil arrumar trabalho, e o que ele conseguiu foi um dos mais humilhantes trabalhos para um judeu: guardar porcos, animais impuros segundo a Lei de Moisés.
Lucas 15:16-17 – O despertar para a realidade
“Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome!” (Lucas 15:16-17)
O agravamento da fome piora a situação do rapaz. Possivelmente, o que ele ganhava com esse trabalho não era suficiente para suprir o que julgava como necessidades.
Ele chega ao ponto de desejar a comida dos porcos e percebe que, em uma circunstância como essa, os porcos eram melhor alimentados do que ele, mostrando a crueldade do mundo longe da casa do pai.
Um dos pontos altos da parábola acontece agora: a realidade de sua tolice entra fortemente em seu coração. Não parece haver hipocrisia, apenas compreensão sincera da situação.
Ele parece ter entendido que a casa do pai é o melhor lugar do mundo! Naquele momento, o pai, o irmão e até os trabalhadores tinham alimento em fartura. E ele?
Sua tolice o colocou em uma situação que ele não precisaria estar vivendo! Sabemos que aqui o alimento não é apenas físico: a casa do pai oferece sustento completo, físico, emocional, espiritual e social, que ele rejeitou.
Lucas 15:18-19 – O arrependimento e a decisão de voltar
“Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores” (Lucas 15:18-19).
Temos agora um arrependimento sincero! O jovem resolve voltar para casa e treina um discurso fruto de reflexão profunda.
Note que ele entende que pecou contra o céu (ou seja, contra Deus) e também contra o pai. Ele não se enxerga como digno, sinal de arrependimento. Mas não podia mais ficar longe da casa do pai. A alternativa que encontra é pedir emprego ao pai (trata-me como um dos teus trabalhadores), mostrando que sua conversão foi tão profunda que não conseguia imaginar ficar longe da presença do pai.
Lucas 15:20-21 – O encontro com o pai
“E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho” (Lucas 15:20-21)
O arrependimento sincero é acompanhado de atitudes: ele vai ao encontro do pai, ciente de que teria uma conversa difícil.
Mas a atitude do pai é surpreendente: parecia que ele esperava pelo filho, sabendo que este voltaria em algum momento.
O pai não o cumprimenta formalmente, mas corre para abraçá-lo e beijá-lo calorosamente. O filho começa seu discurso ensaiado, mas o pai, tão emocionado, nem deixa que ele termine a parte em que pediria emprego. Mas a parte principal, onde ele mostra seu arrependimento, é dita com todas as letras!
Lucas 15:22 – A restauração plena do filho mais novo
“O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés” (Lucas 15:22)
Olhando de fora, a atitude do pai parece estranha. O filho que retorna recebe a melhor roupa, o que indica a restauração dele dentro da família, juntamente com o anel no dedo, que demonstrava autoridade, e as sandálias nos pés, que o tiravam da posição de escravo, fazendo-o novamente filho e alguém que estava dentro do reino desse pai, sob seu cuidado amoroso.
O texto não explica, mas isso deve ter sido surpreendente para o jovem rapaz. Por que o pai tratava-o com tanta misericórdia, sendo ele tão pecador e indigno? Temos aqui a graça de Deus sendo exemplificada nas linhas dessa parábola.
Lucas 15:23-24 – A festa da alegria
“Trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se” (Lucas 15:23-24)
O novilho cevado era um animal especial, guardado para ocasiões especiais, e essa era a mais especial: a conversão do filho perdido.
A festa mostra como o pai reconhece a transformação do filho: ele estava morto e reviveu, perdido e foi achado. A conversão pede celebração!
Lucas 15:25-26 – A reação do filho mais velho
“Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e perguntou-lhe que era aquilo” (Lucas 15:25-26)
A coisa aconteceu tão rápido e com tanta intensidade que, apenas ao final de seu trabalho, enquanto retornava para o descanso, o filho mais velho começa a perceber o que está acontecendo.
Esse filho parece simbolizar os judeus religiosos, que tinham a lei de Deus diante de si, que tinham a descendência de Abraão, mas que não conseguiram se alegrar com a salvação de muitos que Deus quis chamar.
O filho mais velho percebe que existe uma festança acontecendo. Por que não participar? Pois bem, ele vê tudo com desconfiança e não com alegria. Ele vive na casa do pai, mas também está perdido, não conseguindo se alegrar por si, pelo pai e pelo irmão convertido.
Lucas 15:27-28 – O pai também trata o filho mais velho
“E ele informou: Veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado, porque o recuperou com saúde. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo” (Lucas 15:27-28)
Depois de receber o relatório preciso de um dos empregados, o filho mais velho não consegue encontrar alegria na festa do pai. Antes, fica indignado e não quer participar dela.
De forma impressionante, o pai também busca encontrar-se com o filho mais velho. O filho mais novo estava restaurado e participando da festa, mas o filho mais velho estava perdido na sua ira, necessitando também exercer o arrependimento e o perdão. O pai, sinceramente, vai até ele para ver o que estava em seu coração.
Jesus atinge aqui o coração dos religiosos. Eles não quiseram participar da festa que o pai realizou com a vinda do Messias. Encheram-se de críticas, principalmente por Jesus comer com pecadores e pregar a palavra de Deus para eles.
Lucas 15:29-30 – O orgulho do filho mais velho
“Mas ele respondeu a seu pai: Há tantos anos que te sirvo sem jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o novilho cevado” (Lucas 15:29-30)
O rapaz mostra que é orgulhoso, não reconhece que também é um pecador na casa do pai; antes, pensa muito de si mesmo, dizendo que jamais transgrediu uma ordem do pai.
Seu orgulho o deixou tão cego que não conseguia perceber as bênçãos que o pai derramou sobre ele. Apenas pontua que o pai nunca lhe deu um cabrito para festejar.
Isso não era uma falha do pai; antes, demonstrava o coração do filho mais velho. Nada do que o pai já tinha feito era suficiente. Ele queria achar algo que menosprezasse a atitude do pai.
O menosprezo pelo irmão também vem à tona. Ele o chama de “esse teu filho”, mostrando que rejeitava até o vínculo de sangue que tinha com seu irmão. O que havia no coração do filho mais velho estava aparecendo. Ele estava perdido em outros tipos de pecados, diferentes daqueles do irmão, mas precisava do mesmo remédio: o arrependimento.
Lucas 15:31-32 – A lição final do pai
“Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu. Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado” (Lucas 15:31-32)
Chama a atenção que as palavras do pai para esse filho também revelam amor e ternura, assim como foi para o primeiro. Certamente, o pai esperava que, amorosamente, ele recebesse a sua palavra.
O pai relembra a ele que a parte dele na herança estava garantida. Ele não perdeu absolutamente nada. Ou seja, ele estava errado quanto a não ter um cabrito para festejar.
Seu orgulho é que o cegava quanto à grandeza das bênçãos que podia desfrutar na presença do pai. Ele se perdeu ali e precisava ser achado.
O pai precisou deixar claro que não estava errado no que fez pelo irmão mais novo. Era necessário se alegrar pelo que aconteceu com o filho mais novo, pois houve conversão, nova vida, salvação.
Note que ele diz “esse teu irmão”, o que mostra a correção do pai no pensamento do filho mais velho. Não havia como renegar os laços. Todos eles estavam debaixo da mesma graça do Pai.
O que acontece depois? Jesus deixa em aberto, não termina a história, o que mostra que tanto judeus como gentios estão com suas histórias abertas, histórias que podem ser bênçãos, dependendo da atitude de cada um.
E se o filho mais velho entendesse o amor do pai e se encontrasse como o irmão mais novo? Mas e se ele, revoltado, pegasse também sua herança e fosse embora? São muitos cenários possíveis. não estava errado no que fez pelo irmão mais novo. Era necessário se alegrar pelo que aconteceu com o filho mais novo, pois houve conversão, nova vida, salvação.
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