Jesus: Abraão viu o meu dia e se alegrou! João 8:56 explicado!
Você Pergunta: Presbítero, Jesus fala algo que achei bem curioso a respeito de Abraão. Ele disse que Abraão viu o dia dele e se alegrou. Como Abraão viu o dia de Jesus, em que sentido? Ele estava querendo dizer o quê quando disse essa frase aos religiosos? Pode nos ajudar a entender melhor esse ensino de Jesus?
O capítulo 8 de João nos mostra um dos momentos mais intensos do ministério de Jesus, em que Ele trava embates diretos com os religiosos de sua época.
Esses líderes questionaram a autoridade de Jesus de forma dura e desrespeitosa, chegando até a afirmar que Ele agia debaixo do poder do próprio diabo:
“Disseram-lhe os judeus: Agora, estamos certos de que tens demônio. Abraão morreu, e também os profetas, e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, não provará a morte, eternamente” (João 8:52).
O orgulho daqueles homens estava em sua descendência sanguínea (genealógica) de Abraão. Por serem judeus, afirmavam ter Abraão como pai, mas Jesus expôs que, espiritualmente, não eram descendentes da fé de Abraão.
O debate se intensificou quando Jesus declarou verdades que o colocavam em plena igualdade com Deus, algo que escandalizou e enfureceu seus opositores.
É nesse contexto de tensão que surge a surpreendente afirmação de Jesus: “Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (João 8:56).
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A declaração surpreendente de Jesus
Ao citar Abraão, Jesus tocou em um ponto sensível para os religiosos. Eles se orgulhavam de sua linhagem, mas não compreendiam que a verdadeira ligação com Abraão estava na fé e não apenas no sangue. Quando ouviram Jesus dizer que Abraão viu o seu dia e se alegrou, reagiram com incredulidade:
“Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?” (João 8:57).
É claro que Jesus não estava dizendo que conviveu fisicamente com Abraão quando este viveu na terra. O sentido de suas palavras é espiritual: Abraão contemplou, pela fé, o plano de Deus que se cumpriria plenamente em Cristo.
Para entender isso, precisamos olhar para alguns momentos fundamentais da vida de Abraão.
Abraão: o pai da fé
A Bíblia apresenta Abraão como o “pai da fé” (Romanos 4:11). Isso se deve ao fato de que sua vida foi marcada por confiança total nas promessas do Senhor (ainda que ele foi imperfeito em muitas coisas), mesmo quando ainda não via o cumprimento delas.
A própria definição bíblica de fé nos ajuda a compreender: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem” (Hebreus 11:1).
Assim, quando Jesus disse que Abraão viu o seu dia, devemos entender que isso se deu pela fé. Abraão vislumbrou, ainda que de forma parcial e simbólica, a obra que Deus realizaria através do Messias.
Abraão e a promessa de bênção para todas as nações
Um dos momentos em que Abraão contemplou o dia de Cristo foi quando recebeu o chamado de Deus. Naquela ocasião, o Senhor lhe fez uma promessa grandiosa:
“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gênesis 12:3).
Essa palavra apontava para algo muito maior do que a vida de Abraão ou o povo de Israel. Tratava-se da promessa de que, através de sua descendência, todas as famílias da terra seriam alcançadas pela bênção do Pai.
Essa bênção se concretizou em Cristo, descendente de Abraão, que trouxe salvação para todos os povos (Judeus e gentios). Pela fé, Abraão pode alegrar-se nessa esperança, mesmo sem compreender todos os detalhes.
Abraão e o sacrifício de Isaque
Outro momento marcante em que Abraão viu o dia de Jesus foi no episódio em que Deus lhe pediu o sacrifício de Isaque, o filho da promessa.
A narrativa aponta claramente para uma realidade maior, que seria plenamente revelada em Cristo. Ao subir o monte com seu filho Isaque, Abraão declarou:
“Respondeu Abraão: Deus proverá para si, meu filho, o cordeiro para o holocausto; e seguiam ambos juntos” (Gênesis 22:8).
Abraão não sabia exatamente como Deus faria, mas confiava que Ele providenciaria. E foi isso que aconteceu: no momento decisivo, o Senhor interveio e poupou Isaque, confirmando a fé de Abraão:
“Então, lhe disse: Não estendas a mão sobre o rapaz e nada lhe faças; pois agora sei que temes a Deus, porquanto não me negaste o filho, o teu único filho” (Gênesis 22:12).
Esse episódio se torna um poderoso símbolo do sacrifício de Cristo. Se Abraão esteve disposto a entregar seu filho amado, Deus não poupou o Seu próprio Filho, entregando-o por nós. Dessa forma, Abraão enxergou pela fé aquilo que seria plenamente revelado na cruz do Calvário.
Jesus revela sua eternidade
A resposta final de Jesus aos religiosos escancarou sua autoridade divina e sua eternidade. Ele declarou:
“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abraão existisse, EU SOU. Então, pegaram em pedras para atirarem nele; mas Jesus se ocultou e saiu do templo” (João 8:58-59).
Essa afirmação não apenas indicava que Abraão havia visto o dia de Cristo pela fé, mas revelava que Jesus existia antes mesmo de Abraão. O uso da expressão “EU SOU” remete diretamente ao nome de Deus revelado a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3:14).
Foi essa declaração que levou os religiosos à fúria, pois compreenderam que Jesus estava se colocando no mesmo nível do Deus eterno.
Assim, quando Jesus disse que Abraão viu o seu dia e se alegrou, Ele mostrou que a fé de Abraão já apontava para a obra do Messias. Abraão não viveu para ver o Cristo encarnado, mas pela fé enxergou as promessas de Deus que se cumpririam em Jesus.
Para nós, esse ensino é um convite a viver da mesma forma: confiando nas promessas de Deus, mesmo que ainda não vejamos seu cumprimento. Assim como Abraão se alegrou, nós também podemos nos alegrar em Cristo, que já cumpriu e ainda cumprirá tudo o que o Pai prometeu.
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