Posso ser batizada mesmo não sendo casada no papel?
Você Pergunta: Presbítero, há alguns meses me converti, comecei a seguir o Senhor Jesus e me surgiu um grande desejo de fazer o discipulado e me batizar. No entanto, tenho tido dificuldades, pois meu pastor está exigindo que eu resolva um problema que tenho antes: eu sou amasiada com meu companheiro, não casamos na igreja e nem no cartório, apenas nos juntamos e temos vivido a vida há 10 anos juntos dessa forma. Se eu não me casar, nunca poderei ser batizada? Me explique isso dentro da Bíblia, por favor!
Para refletir corretamente sobre esse tema, precisamos relembrar que o batismo instituído por Cristo é um sinal visível de algo que já aconteceu no coração da pessoa, ou seja, sua conversão.
Não é o batismo que nos salva, mas sim a fé verdadeira em Cristo que gera arrependimento, transformação e uma nova vida com Deus.
Obviamente que o batismo é feito em pessoas arrependidas de seus erros e que estão em processo de santificação, consertando coisas e reconhecendo que precisam viver uma nova vida, agora correta diante do Senhor:
“Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Romanos 6:4).
No entanto, a Bíblia não nos apresenta “estudos de casos” específicos sobre, por exemplo, se alguém que não é casado “no papel” pode ou não ser batizado. Isso exige de nós uma reflexão baseada nos princípios da Palavra para chegarmos a conclusões corretas. É o que pretendo trazer na sequência.
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Quando ambos são crentes, mas vivem amasiados
Vamos começar analisando um caso comum: um homem e uma mulher que vivem juntos há anos, como se fossem casados no papel, mas sem nenhum vínculo legal ou religioso.
Eles professam que são crentes, frequentam a igreja, mas nunca quiseram se batizar. Porém, agora, esse desejo surgiu por parte da mulher. Como o caso deveria ser visto? O batismo dela pode ser feito sem nenhum problema?
Neste cenário, onde ambos professam que são crentes, fica evidente que é necessário haver uma mudança da situação deles antes da administração do batismo.
A razão disso é simples: a verdadeira conversão nos impulsiona a uma vida de santidade e obediência à Palavra de Deus em todas as áreas da nossa vida, inclusive na vida conjugal.
Permanecer vivendo amasiado, sem buscar a regularização do casamento diante das autoridades e do Senhor, é manter-se numa situação irregular e de mau testemunho perante os irmãos e o mundo.
A Palavra nos chama a viver em novidade de vida: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida” (Romanos 6:4). Esse “andar em novidade de vida” não é apenas simbólico; é prático, concreto e visível.
Diante de caso específico, penso que o pastor está correto em orientar que, nesse caso, o casal regularize sua situação antes do batismo. Ou, ao menos, comece a dar entrada em todo o processo como um indicativo de que está comprometido com a resolução dessa falha.
Não se trata de julgar ou excluir, mas de zelar por um testemunho coerente com a fé professada.
Quando apenas um dos dois é crente
Agora vamos ao segundo caso: uma mulher e um homem vivem juntos há muitos anos, mas nenhum dos dois era crente até então.
De repente, a mulher se converte, começa a buscar a Deus, deseja ser batizada e viver uma vida nova com Cristo. No entanto, eles ainda não se casaram legalmente. E o companheiro dela não demonstra interesse em oficializar o casamento.
Esse é um caso diferente do primeiro. Aqui, a mulher está dando um passo de fé sozinha. O companheiro dela continua sendo um não crente, e sabemos que não podemos exigir de um não crente atitudes espirituais ou baseadas nos ensinamentos bíblicos.
Nesse cenário, é importante que essa mulher, agora convertida, tente conversar com seu companheiro, explicando sua fé e seu desejo de se alinhar à vontade de Deus, incluindo a regularização do casamento. Ela deve orar, buscar sabedoria e tentar sensibilizá-lo.
No entanto, se mesmo após todas essas tentativas, o homem se recusar a regularizar a situação deles, penso que ela pode sim ser batizada. O motivo é que a situação não está exclusivamente sob o controle dela.
Ela demonstrou arrependimento, desejo de santidade, esforço em resolver, mas foi impedida pela outra parte. Deus vê o coração e sabe quando há sinceridade e esforço verdadeiro para mudar.
A Bíblia nos ensina que Deus é justo e misericordioso. Não podemos tratar esse tipo de caso da mesma forma que tratamos o caso em que os dois são crentes e têm total condição de consertar a situação, mas não o fazem.
Princípios que devem nos guiar nessas decisões
É sempre importante lembrar que o batismo é um passo de fé, um testemunho público da nova vida em Cristo. Mas ele não deve ser feito de qualquer maneira. O arrependimento e o desejo de obedecer a Deus precisam acompanhar essa decisão.
Por outro lado, também devemos ter sabedoria e sensibilidade para não transformar o batismo em uma lista de exigências humanas que podem impedir a pessoa de caminhar com Deus.
Cada caso precisa ser analisado com discernimento pastoral, levando em conta os princípios da Palavra e a realidade da vida da pessoa.
A igreja não pode ser rígida a ponto de ignorar situações de boa fé e arrependimento genuíno, mas também não pode ser tão flexível a ponto de ignorar o pecado e permitir que ele continue sem confronto.
Conclusão
A questão do batismo de pessoas amasiadas não tem uma resposta única e fechada. Como vimos, é necessário avaliar cada situação com base nos princípios bíblicos, no arrependimento sincero da pessoa e na possibilidade real de mudança.
Em casos onde há conversão genuína e esforço para consertar a vida, mas a outra parte impede a regularização, o batismo pode ser permitido sim. Já em situações onde ambos são crentes e mantêm a situação irregular por escolha própria, o batismo deve ser adiado até que resolvam o problema.
Que Deus nos dê sabedoria e graça para agir com justiça e misericórdia nesses casos, e que em tudo o nome de Jesus seja glorificado!
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