Vinho novo em odres velhos: Você entendeu errado!
Você Pergunta: Presbítero, Jesus trouxe um ensino em suas palavras, em Mateus 9:17, falando que não devemos colocar vinho novo em odres velhos. Eu gostaria de entender melhor e com profundidade o significado dessa expressão e como devemos aplicar o significado dela na nossa vida atualmente!
A primeira coisa que identificamos nesse ensino de Jesus é que ele surge como resposta a uma pergunta feita pelos discípulos de João Batista, provavelmente instigados pelos fariseus, conforme o relato bíblico:
“Vieram, depois, os discípulos de João e lhe perguntaram: Por que jejuamos nós, e os fariseus muitas vezes, e teus discípulos não jejuam?” (Mateus 9:14).
É certo que o jejum era uma prática comum entre os judeus, e algo positivo quando realizado com o propósito correto. No entanto, muitos jejuns observados na época não eram mandamentos da lei, mas tradições religiosas acrescentadas ao longo do tempo.
Os discípulos de Jesus, diferentemente, não estavam observando esses jejuns naquele momento, o que gerou questionamentos e críticas. É importante compreender que essa pergunta estava diretamente ligada às tradições religiosas estabelecidas pelos líderes espirituais daquele período.
Jesus, então, responde usando uma ilustração poderosa: “Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo, e nesses dias hão de jejuar” (Mateus 9:15).
Aqui, Ele não condena o jejum, mas mostra que havia um momento apropriado para tal prática. Enquanto o Messias estava com seus discípulos, o tempo era de alegria, como em uma festa de casamento.
O tempo do jejum viria, mas deveria ser feito de forma correta, com sentido e não apenas por tradição. É nesse contexto que Jesus usa duas comparações: o remendo novo em veste velha e o vinho novo em odres velhos, para ensinar verdades espirituais profundas.
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O remendo novo em vestes velhas
Jesus traz um primeiro ensino impactante, ele diz: “Ninguém põe remendo de pano novo em veste velha; porque o remendo tira parte da veste, e fica maior a rotura” (Mateus 9:16).
Essa ilustração vem do universo da costura. Se alguém pega uma roupa já gasta e tenta remendá-la com um pano novo, esse pano, ao encolher com o tempo, acabará rasgando ainda mais a veste velha. O resultado seria um estrago maior (rotura).
A mensagem é clara: a veste velha representa o judaísmo da época, distorcido por tantas regras humanas e tradições pesadas. Tradições essas que não faziam parte da Lei de Deus, mas que foram acrescentadas pela religião!
O pano novo representa a obra que Deus estava realizando por meio do Messias. Tentar costurar algo novo em algo velho e desgastado só traria destruição. Jesus estava mostrando que não seria possível unir sua obra de redenção ao sistema religioso corrompido que havia se formado. O projeto de Deus em Cristo não poderia ser apenas um acréscimo às velhas estruturas humanas.
O vinho novo em odres velhos
Logo em seguida, Jesus traz a segunda comparação: “Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põe-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam” (Mateus 9:17).
Os odres eram recipientes feitos de pele de animal, usados para armazenar líquidos como o vinho. O processo de fermentação fazia com que o vinho liberasse gases, expandindo os odres.
Quando novos, esses odres tinham elasticidade suficiente para suportar essa expansão, como um elástico que se estima, mas não estoura.
No entanto, um odre velho, já endurecido pelo uso, não tinha mais flexibilidade. Colocar vinho novo em um odre velho resultaria em sua ruptura, desperdiçando tanto o vinho quanto o recipiente.
Nessa analogia, o “vinho novo” representa a obra do Messias, cheia de vida, frescor e expansão. Já os “odres velhos” simbolizam o sistema religioso judaico, rígido e incapaz de comportar a novidade de Deus em Cristo. A mensagem é que a obra de Jesus não poderia ser contida nem limitada pelas velhas tradições humanas. Era algo novo, completo e transformador.
A novidade da obra de Cristo
Com essas duas comparações, Jesus deixa claro que Ele não veio para remendar ou adaptar o judaísmo de sua época, mas para inaugurar algo novo.
Os líderes religiosos esperavam que o Messias viesse confirmar suas práticas e tradições, mas Jesus veio para revelar os verdadeiros propósitos de Deus, muitas vezes em choque com o sistema estabelecido.
Isso explica os constantes embates entre Ele e os fariseus, escribas e líderes religiosos, que tentavam moldar os planos do Senhor às suas convenções. Jesus, ao contrário, mostrava que o Reino de Deus era muito maior do que as tradições humanas criadas em torno da Lei de Deus e que estavam, no entanto, incorretas.
Como se aplica isso em nossos tempos?
Esse ensinamento de Jesus é extremamente atual. Muitas vezes, nós também tentamos encaixar a obra de Deus em nossas tradições pessoais, costumes ou sistemas religiosos humanos.
No entanto, a vida que Cristo oferece é sempre nova e transformadora, exigindo de nós um coração renovado e aberto. Assim como o odre velho não pode conter o vinho novo, uma vida endurecida pela religiosidade ou pelo pecado não consegue receber a plenitude daquilo que Deus quer derramar.
Por isso, precisamos estar dispostos a ser “odres novos”, ou seja, pessoas renovadas pelo Espírito Santo, capazes de receber e viver a novidade de vida em Cristo.
O apóstolo Paulo confirma esse princípio ao escrever: “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas” (2 Coríntios 5:17).
Outro ponto importante desse ensino é o alerta contra a religiosidade vazia. O judaísmo da época de Jesus havia se tornado pesado, cheio de mandamentos humanos que sobrecarregavam o povo.
Hoje, ainda corremos o risco de transformar nossa fé em um sistema de regras e tradições sem vida. Quando isso acontece, nos tornamos como odres velhos, incapazes de receber o frescor do Evangelho. Jesus nos chama a viver uma fé genuína, baseada em relacionamento com Ele, e não apenas em tradições externas.
O Evangelho é o “vinho novo” que continua sendo derramado sobre a humanidade. Ele traz alegria, transformação e vida abundante. Mas para recebê-lo, é necessário que sejamos renovados por dentro, deixando para trás aquilo que é velho e que não pode conter a obra de Deus.
Isso significa abandonar pecados, tradições humanas que nos afastam de Cristo e formas de viver que não se alinham ao Reino de Deus.
Conclusão:
O ensino de Jesus sobre não colocar vinho novo em odres velhos é um chamado para reconhecer a novidade da obra de Cristo e a necessidade de sermos transformados para recebê-la.
Assim como os discípulos foram convidados a entender que o tempo da presença do noivo era especial, nós também somos chamados a discernir os tempos e a nos abrir para aquilo que Deus deseja realizar em nossas vidas.
O vinho novo do Evangelho não pode ser contido por estruturas rígidas e corações endurecidos. É preciso sermos renovados diariamente para que tanto o vinho quanto o odre se conservem, e para que possamos viver plenamente a alegria e a vida que Cristo nos oferece.
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