Deus pode matar a alma e o espírito de uma pessoa?
Você Pergunta: Presbítero, eu tenho uma dúvida que pode parecer até meio “boba”, mas queria muito entender a explicação para ela com uma base bíblica: a alma de uma pessoa pode morrer? Por exemplo, uma pessoa muito maligna, Deus pode simplesmente matar a alma dessa pessoa e fazê-la desaparecer totalmente?
Existe uma doutrina defendida por alguns grupos religiosos chamada de aniquilacionismo. Segundo essa crença, o ser humano, ao ser condenado por Deus, não apenas morreria fisicamente, mas também teria sua alma destruída por completo, deixando de existir.
Ou seja, os ímpios não sofreriam eternamente uma condenação imposta por Deus, mas seriam aniquilados no juízo do Senhor.
À primeira vista, essa ideia parece até compatível com a justiça de Deus. Mas será que ela encontra base sólida na Bíblia? Será que Deus faria uma alma desaparecer totalmente da existência, apagando-a por completo? E, se Ele quisesse, será que Ele faria isso?
Para começarmos a entender essa questão, precisamos observar com cuidado um texto importante das palavras de Jesus:
“Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28).
Esse versículo nos oferece uma chave importante para compreender o destino da alma humana após a morte e o que Deus pode ou não fazer com ela. Na sequência iremos compreender!
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O que a Bíblia diz sobre morte física, espiritual e eterna?
A Bíblia é clara ao afirmar que, por causa do pecado, entrou no mundo a morte física: o corpo, feito do pó, retorna ao pó. Além disso, há uma outra forma de morte mencionada nas Escrituras, que é a morte espiritual.
Essa morte é a separação entre o ser humano e Deus por causa do pecado. Veja o que diz Paulo: “Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados” (Efésios 2:1).
Aqui, o apóstolo está se referindo a pessoas vivas fisicamente, mas mortas espiritualmente — afastadas de Deus. Elas tiveram um encontro com Jesus, que mudou sua condição. Mas, antes disso, estavam mortas espiritualmente em seus pecados.
No entanto, ao longo de toda a Escritura, não vemos qualquer afirmação de que a parte imaterial do ser humano — alma ou espírito — possa ser destruída ou aniquilada no sentido de deixar de existir. Nem mesmo em relação aos ímpios.
Um exemplo claro de que a alma não deixa de existir após a morte é a conhecida parábola do rico e Lázaro contada por Jesus.
Nela, Jesus mostra que, ao morrerem, o pobre Lázaro foi levado para o seio de Abraão, lugar de consolo, enquanto o rico foi para um lugar de tormento. Ambos estavam conscientes, lembravam de suas vidas passadas e interagiam com o ambiente à sua volta (Lucas 16:19-31).
Isso mostra que, mesmo após a morte do corpo, a parte imaterial do ser humano continua existindo e vivenciando a realidade espiritual, afinal, Jesus não usaria uma mentira como pano de fundo de uma parábola, certo?
Não há qualquer menção de desaparecimento da alma ou fim da existência, mas sim de continuidade em um novo estado — o que reforça ainda mais a ideia de que a alma não é aniquilada.
O destino dos ímpios na eternidade
Quando Jesus descreve o destino dos que o rejeitam, Ele não fala sobre destruição total da alma ou desaparecimento da pessoa. Pelo contrário, fala de uma realidade consciente de sofrimento. Um exemplo claro é o que Ele afirma sobre aqueles que o rejeitaram:
“Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mateus 8:12).
Essa linguagem deixa claro que não se trata de um desaparecimento da existência, mas de uma experiência contínua de dor e distanciamento de Deus.
A expressão “choro e ranger de dentes” indica consciência, sofrimento e memória — o oposto da aniquilação. Além disso, veja que eles são lançados em um lugar “fora” e não em uma aniquilação.
Outro texto bíblico que reforça essa compreensão é o de Apocalipse 21:8, que menciona o destino final dos ímpios:
“Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte” (Apocalipse 21:8).
O texto fala da segunda morte, que é o castigo final e eterno. Novamente, não se trata de uma destruição completa do ser, mas de uma realidade de separação eterna de Deus, numa condição ativa e não de inexistência. O lago de fogo representa o destino consciente e eterno daqueles que rejeitaram o Senhor.
O que Jesus quis dizer com “perecer no inferno”?
Vamos retornar ao texto que mencionamos no início: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mateus 10:28).
Algumas pessoas interpretam a palavra “perecer” como “deixar de existir”. Porém, o contexto bíblico do uso dessa palavra não dá essa margem de interpretação.
“Perecer no inferno” está ligado à condenação eterna, não ao aniquilamento. Jesus está mostrando que os discípulos não deveriam temer os homens, que só podem atingir o corpo físico (no máximo matá-lo).
Devem, sim, temer a Deus, que tem poder absoluto sobre corpo e alma — não para fazer desaparecer aqui nesse contexto, mas para lançar no inferno, na condenação.
Essa expressão de Jesus confirma que Deus tem poder absoluto sobre nossa existência completa, mas nunca afirma que Ele vá fazer a alma deixar de existir. A própria ideia do inferno como um lugar de tormento eterno, recorrente nas falas de Jesus, mostra o contrário.
Esse é um contraste claro. Se existe um lugar para os salvos, é lógico observar que existe também um lugar para os condenados e não uma aniquilação para eles!
Deus poderia aniquilar uma alma?
A pergunta do aluno continua: “Mas se Deus quiser aniquilar uma alma, Ele não poderia fazer isso?” Em teoria, sim, Deus é todo-poderoso. Mas há uma coisa que Deus não faz: Ele não vai contra a Sua própria palavra.
Deus revelou nas Escrituras a forma como o juízo será exercido: a vida é eterna, seja com Ele ou longe d’Ele. Ele estabeleceu que os justos ressuscitarão para a vida, e os ímpios ressuscitarão para condenação.
A vida humana foi criada para a eternidade. Com a entrada do pecado no mundo, essa eternidade pode ser vivida perto de Deus (céu) ou longe de Deus (inferno).
Não há espaço na Bíblia para a ideia de aniquilação. Sabemos que Deus tem poder para aniquilar qualquer ser, porém, não há base bíblica alguma que mostre que haverá exceções nisso, que Ele vá realizar esse tipo de ação.
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