Você pergunta: Gostaria de aprender um pouco mais sobre a passagem da mulher adúltera. No Antigo Testamento a Lei mandava apedrejar os adúlteros, ou seja, aquela mulher deveria ter essa penalidade diante da lei? Por que Jesus a livrou? Por que a mulher adúltera não foi apedrejada?
Caro leitor, é sempre importante analisarmos os detalhes de um texto [2] para que percebamos o que está nas entrelinhas e que nos ajuda muito a entender melhor os significados dos textos.
No caso da mulher adúltera, existem muitos detalhes nas entrelinhas que precisamos observar para compreender a atitude de Jesus para com ela e para com os acusadores dela.
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Por que Jesus livrou a mulher adúltera da morte?
(1) A primeira coisa que é bastante clara no texto é que a mulher é trazida perante Jesus e perante todos que estavam ali em circunstâncias bem estranhas, já que não era comum que o julgamento de uma falta grave (com pena de morte) fosse feito dessa forma, em qualquer lugar e sem um processo legal correto baseado na lei.
O apóstolo João faz exatamente uma observação mostrando que a intenção dos líderes religiosos era pegar Jesus em algum erro e não promover um julgamento justo e a aplicação da lei:
“Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo” (João 8:6).
Mas como eles poderiam pegar Jesus aqui nessa ocasião?
(2) Eles queriam de Jesus duas respostas possíveis: Sim, podem apedrejá-la. Ou, não, não podem apedrejá-la. Se Jesus dissesse sim estaria indo contra o poder de Roma [4], já que os judeus não tinham o poder de executar a pena de morte em alguém sem autorização.
Isso certamente seria usado como acusação contra Ele perante as autoridades romanas. Se Jesus [5] dissesse para não apedrejar, na visão deles, estaria indo contra a lei de Moisés, que mandava apedrejar adúlteros, como eles mesmos citaram (João 8:5)!
A posição de Jesus não era nada fácil! Mas por que Jesus foi tão sereno em Sua resposta e não escolheu nenhuma das duas opções que eles desejavam?
(3) Temos de observar que a Lei de Moisés realmente mandava aplicar a pena de morte a adúlteros: “Se um homem adulterar com a mulher do seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera” (Levítico 20:10).
No entanto, um detalhe salta aos olhos na narrativa sobre a mulher adúltera: “disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério” (João 8:4).
Ora, se esse adultério foi pego em flagrante, onde está o homem que também estava adulterando, já que uma pessoa não pode adulterar sozinha?
Vemos aqui claramente a manipulação dos líderes religiosos que, além de tratarem a questão sem um processo jurídico correto, ainda manipularam a situação para tentar apanhar Jesus de alguma forma! Ou seja, eles estavam violando o próprio princípio de justiça da lei de Moisés!
(4) Jesus, claro, percebe a manipulação e não responde nem sim, nem não. Ele apela para a consciência de cada um, que estava claramente em pecado quando agiam daquela forma:
“Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (João 8:7).
Todos acabam abandonando o caso, o que indica claramente as várias irregularidades que estavam presentes nele, e que eram motivo de vergonha para religiosos que diziam seguir a lei de Moisés.
Jesus toca no ponto exato e desmonta a estratégia deles de dentro de seus corações para fora, sem a necessidade de responder sim ou não ao questionamento deles!
(5) Jesus, então, diz àquela mulher: “Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?” (João 8:10).
Jesus não estava aqui aprovando o pecado dessa mulher, mas, diante de um processo de julgamento totalmente irregular e manipulado, aquela mulher não poderia ser condenada!
Ainda mais agora que não existia mais acusação formal. Restava, então, Jesus tratar a questão na esfera espiritual, a partir de dentro do coração daquela mulher pecadora:
“Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais” (João 8:11).
É muito provável que essa mulher estava grandemente arrependida do seu erro! Isso ativou a misericórdia do Senhor para conceder o perdão junto com a orientação de que ela deveria mudar de vida, deixar esse pecado!
(6) Todos esses detalhes juntos mostram porque Jesus deu a resposta que deu e porque fez com que essa mulher saísse livre das mãos daqueles acusadores.