Você pergunta: Todos sabem que a Bíblia menciona em diversos textos pessoas e objetos sendo ungidos com óleo. Porém, tenho dúvidas se essa prática de ungir pessoas e objetos ainda pode ser feito hoje, no tempo da graça. Sei que a Bíblia fala de presbítero ungindo pessoas. Você, sendo presbítero, unge pessoas com óleo consagrado?
Caro leitor, precisamos compreender com um pouco mais de profundidade essa questão de ungir coisas e pessoas com óleo dentro do contexto correto da Bíblia.
Isso dará maior clareza na resposta à sua pergunta e te ajudará a refletir se o uso de óleo é uma ordem bíblica para os dias de hoje.
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Posso usar hoje em dia um óleo ungido para ungir pessoas e objetos?
(1) Qualquer tipo de pessoa ou objeto era ungido com óleo no Antigo Testamento? A resposta é não. Quando analisamos o uso da unção com óleo no Antigo Testamento, especificamente, observamos um uso bastante restrito. Primeiro foi usado o óleo da unção para ungir os sacerdotes, o sumo sacerdote [3] e suas vestes:
“Tomarás, então, do sangue sobre o altar e do óleo da unção e os aspergirás sobre Arão e suas vestes e sobre seus filhos e as vestes de seus filhos com ele; para que ele seja santificado, e as suas vestes, e também seus filhos e as vestes de seus filhos com ele” (Êxodo 29:21).
Podemos observar que esse óleo específico chamado de “óleo da unção” tinha uma série de regras a serem observadas:
(i) Todos os utensílios do tabernáculo deveriam ser ungidos com esse óleo (Êxodo 30:26-29);
(ii) Arão e seus filhos deveriam ser ungidos, pois eram o sumo sacerdote e sacerdotes escolhidos por Deus (Êxodo 30:30);
(iii) Quem não era sacerdote não podia ser ungido com esse óleo (Êxodo 30:32);
(iv) Se alguém fizesse uma receita de óleo igual a essa seria expulsa do meio do povo (Êxodo 30:33).
Observamos, então, que, inicialmente, a unção com óleo era bastante restrita, especialmente com essa receita especial dada por Deus a Moisés.
(2) Examinando ainda um pouco mais o Antigo Testamento observamos que os reis eram ungidos com óleo. Vejamos a unção do rei Saul: “Tomou Samuel um vaso de azeite, e lho derramou sobre a cabeça, e o beijou, e disse: Não te ungiu, porventura, o SENHOR por príncipe sobre a sua herança, o povo de Israel?” (1 Samuel 10:1).
Qual era o significado dessa unção? Ela tinha um objetivo religioso, que era a consagração da pessoa a um trabalho especial, e um objetivo civil, que era dar à pessoa ungida, de forma oficial, a transmissão de um cargo e um trabalho diante da sociedade. Portanto, não tínhamos aqui um objetivo místico, de proteção do mal ou coisa parecida.
(3) No Antigo Testamento os profetas também eram vistos como ungidos: “dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas” (Salmos 105:15). Porém, não temos um detalhamento tão claro se alguém ungia um profeta com óleo antes dele começar sua missão de profeta.
Portanto, até aqui observamos que apenas sacerdotes, profetas e reis teriam essa prerrogativa de serem ungidos e isso no sentido de serem consagrados aos seus ministérios diante do Senhor e das pessoas.
Com relação a objetos, somente o tabernáculo e templo, e seus utensílios, foram ungidos. O objetivo era claro: o de consagração daquela pessoa ou objeto a Deus. Não tínhamos objetivos místicos, de proteção do mal e coisas parecidas relacionados ao uso da unção com óleo.
(4) E no Novo Testamento, havia a prática de ungir pessoas e coisas? Temos dois textos que falam de unção com óleo: “expeliam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo” (Marcos 6:13). Esse uso do óleo aqui provavelmente é medicinal (Veja como em Lucas 10:34 o óleo era usado como remédio:
“E, chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele”. O óleo era muito comum como tratamento de uma série de doenças e alívio de sintomas de doenças.
O segundo texto sobre unção com óleo é Tiago 5:14, que diz: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor. E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”.
Observe que aqui temos um caso bem específico, feito apenas por presbíteros, mediante um chamado de um doente e o foco é na oração da fé.
Alguns pensam que o óleo aqui mencionado teria uma função medicinal, de alívio e não de uma unção mística, assim como pontuei em Marcos 6:13.
De fato, o evangelho nunca excluiu o uso de tratamentos medicinais. Deus faz milagres, mas também usa dos meios naturais para nos aliviar de muitas dores.
(5) Para finalizar, fica a pergunta: devo usar óleo para ungir pessoas ou coisas hoje em dia? Como vimos, não temos na Bíblia o apontamento de uma ordem para esse tipo uso.
A meu ver o uso de óleo hoje em dia têm feito pessoas idolatrarem o óleo como se dele tivesse algum poder sobrenatural.
A pergunta que deve ser feita é: existe algum poder sobrenatural no óleo? Se responder sim, então, de fato, existe um desvio que tira a glória de Deus e a coloca em um óleo e isso é grave, deve ser rejeitado!
Se a resposta é não, não existe poder no óleo, então, a pergunta é: Por que usá-lo se não tem poder algum nele e hoje em dia não temos nenhum aspecto de remédio nele?
Assim, a meu ver, o uso de óleos para ungir na atualidade é dispensável, não tem uma base bíblica e têm servido em muitos lugares para confundir a fé da pessoas, que têm tirado sua fé no Deus todo poderoso e colocado em coisas (como o óleo)!
Mas e o uso simbólico dele, como símbolo da unção do Senhor? Não temos no Novo Testamento autorização para um uso simbólico [5] de óleo como símbolo de unção, portanto, também vejo como dispensável tal uso.