Você pergunta: Em Mateus 5:33-37 Jesus nos ensina a não jurar. Isso me deixou um pouco confuso, pois temos várias menções na Bíblia de servos de Deus fazendo juramentos. Inclusive, o próprio Jesus se submeteu a juramento diante do Sumo Sacerdote, quando ele o interrogou em Mateus 26:63. Minha pergunta é: É pecado fazer juramentos? Como entender essa fala de Jesus?
Caro leitor, muito interessantes as suas observações. Gostaria de pontuar algumas questões sobre esse tema, a fim de melhorarmos o nosso entendimento a respeito da mensagem que Jesus quis comunicar ali aos Seus discípulos no Sermão do Monte.
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A Bíblia proíbe de fazer juramentos?
(1) Geralmente quem faz algum juramento o faz buscando dar mais peso às suas palavras [3], fazendo com que se acredite nelas por meio desse apelo por algo superior, sagrado.
Geralmente as pessoas juram usando Deus, o céu, pessoas importantes, a vida. É muito comum algumas pessoas dizerem: “Eu juro pela minha mãe”, ou, “Eu juro por Deus”.
Na época de Jesus [4] já se usava juramentos desse tipo, era muito comum, até mais do que hoje, já que até mesmo alguns negócios eram fechados na base do juramento.
Por exemplo, José do Egito fez o povo jurar que depois de sua morte seus ossos fossem levados à terra prometida (Gênesis 50:25).
E o juramento tinha tanto peso que, mesmo mais de 400 anos depois, esses ossos foram transportados até chegar lá (Êxodo 13:19; Josué 24:32). Ou seja, o juramento era algo muito comum na cultura judaica.
(2) Jesus não parece estar proibindo todo tipo de juramento. Como mencionado, o próprio Jesus esteve sob juramento em seu depoimento ao sumo sacerdote (Mateus 26:63).
O próprio Paulo usa esse expediente em Romanos 1:9, onde toma Deus como testemunha de seus esforços de oração pelos crentes.
E, por fim, até o próprio Deus usou de juramento para mostrar a seriedade de Suas promessas (Hebreus 6:17). Logo, não me parece que todo tipo de juramento esteja sendo proibido por Jesus ou que haja pecado em todo tipo de juramento.
(3) A leitura do contexto parece nos indicar que Jesus condenou um tipo de juramento usado pelas pessoas para serem mais confiáveis.
Ou seja, sem o juramento, a palavra da pessoa não tinha valor. Isso indica pessoas que usavam da mentira, da injustiça e de outros pecados em sua vida cotidiana, mas, quando precisavam que alguém confiassem nelas para algum fim específico, precisavam usar a força de algum juramento por Deus, por Jerusalém, por sua própria vida para que fossem levadas a sério.
Ou seja, eram hipócritas. Jesus condena esse tipo específico de juramento. Jesus condena a atitude daqueles que precisavam jurar para serem confiáveis ou que manipulam os juramentos para serem favorecidos de alguma forma. Sem estarem sob juramento não eram corretos e justos. Isso não convém ao servo de Deus.
(4) Dessa forma, o ensino de Jesus aos seus discípulos [6] é que fossem justos e íntegros em suas palavras e ações, de maneira que o juramento não fosse sequer necessário, pois o seu sim ou o seu não seria suficiente devido a justiça presente em suas vidas:
“Seja, porém, a tua palavra: Sim, sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mateus 5:37).
Evidentemente que em alguns casos é possível fazermos votos e juramentos sérios. Jesus não proibiu esse tipo de juramento como vimos no ponto dois.
Mas é preciso ter muito cuidado para não cair no erro de estar querendo manipular situações através de juramentos. Todo cuidado é pouco.